ESCOLA METÓDICA E MATERIALISMO HISTÓRICO
A escola metódica tem como principal expoente, Leopold Von Ranke, um historiador alemão que nega a filosofia da história, por considerá-la subjetiva e tenta transformar a história em ciência, a separando da literatura. Primeiramente vamos ver um panorama do século XIX, nessa época as ciências naturais dominavam o âmbito acadêmico e científico, principalmente graças à criação dos métodos de pesquisas empírico-cientificos da matemática, física, química e biologia, acreditava-se que poderiam esquematizar e explicar o universo através de leis e enunciados. As ciências humanas estavam em crise de identidade, pois não podiam ser empiricamente testadas, portanto não eram ciências validas, não possuíam métodos. Com a história não foi diferente, desde séculos passados era um misto de literatura, filosofia e relatos, Ranke a fim de transformar história em ciência a adaptando as leis naturais separou-se da literatura buscando métodos ,e o encontrado foi o uso empírico dos documentos, necessariamente documentos oficiais de caráter diplomático e militar. Os documentos garantiriam a objetividade e a validade cientifica.
Por serem documentos oficiais acreditava Ranke estarem totalmente puros, sem influências ideológicas e livres de mentiras, portanto objetivos. A função do historiador seria criticar o documento externa e internamente, ou seja, verificar se o papel era o mesmo usado na época, se a escrita e termos lingüísticos condiziam com os da mesma data e assim por diante, depois o historiador apenas extrairia do documento a verdade, sem fazer qualquer questionamento dos fatos ou se posicionar quanto ao que encontra, qualquer tipo de reflexão impregnaria o documento de subjetividade. Para Ranke a história existe nos documentos inerentemente ao homem, a função do historiador seria pegar na totalidade essa historia do documento e narrar numa seqüência cronológica, assim a mesma objetividade das ciências naturais seria encontrada. O historiador não deveria tomar posição, nem fazer juízo de valor de fatos já passados, para a história metódica -assim chamada porque criou métodos que legitimavam história como ciência- a história estava morta, era passado e não influenciava o presente.
Como essa história tratava necessariamente de documentos oficiais, era uma história individual, fragmentada em grandes nomes que se interligavam em nações. No século XIX o sentimento de nação estava em formação e a história mostrando os grandes nomes do seu país, formava cidadãos patrióticos. Com esse objetivo e com técnicas já definidas que a separavam da arte, a história rapidamente se infiltrou em universidades e escolas ganhando espaço entre as ciências, ela se isola e de modo imperial quer ser a grande ciência humana.
A história tinha poder político e, era usada pelo estado, tanto na formação patriótica dos cidadãos, quanto para justificar seus inimigos, através da história se mostrava que sempre a nação X combatia com a nação Y, assim as guerras eram justificadas como naturais tanto quanto os inimigos e isso exaltava o sentido geral de nação.
Fixado os métodos e paradigmas da história cientifica ela se espalha pela França, graças a dois historiadores franceses que estudaram em universidades alemãs, Langlois e Seignobos criaram manuais introdutórios a história que se difundiram por todo o meio acadêmico francês. Na França a escola metódica ganhou um espírito iluminista, o que remetia a racionalidade e rigidez dos métodos objetivos.
Apesar de o século XIX ser dominados pelos metódicos, isso não quer dizer que inexistia outros tipos de historiadores, um exemplo disso é Michelet um historiador preocupado com as causas sociais, ele fazia a historia dos fracos, dos derrotados, dos pobres, das pessoas que não conseguiam por seus nomes na história tradicional, exclusivamente história dos políticos e grandes heróis.
Depois da primeira grande guerra mundial, o sentimento de que a ciência estava levando o homem sempre rumo ao progresso foi dilacerado, viu-se a capacidade de matar que a ciência tinha criado, isso causou um mal estar na humanidade que vai reestruturar não só a história, como todas as ciências humanas. A história marxista combate a metódica, mas a geração dos Analles é que numa batalha definitiva e feroz derrubam as duas historias “historiacizantes”.
Materialismo Histórico
KARL MARX nasceu em Treves, na Prússia, em 1818. Era fi lho de um advogado judeu convertido ao protestantismo. Foi filósofo, historiador, economista e jornalista. Deixou numerosos escritos como "Manuscritos econômicos e filosóficos", "0 18 Brumário de Luís Napoleão", "Contribuição à crítica da economia política", "0 Capital", e, em conjunto com Engels, "A Ideologia Alemã", "Manifesto Comunista", entre outros. Segundo Engels, as duas grandes descobertas cientificas de Marx foram: a concepção do materialismo histórico e a teoria da mais-valia. Ativista político fundou e dirigiu a Primeira Internacional Operária, de 1867 a 1873. Em 1843, exilou se em Paris e posteriormente em Bruxelas e em Londres, onde morreu em 1883.
FRIEDRICH ENGELS (1820/1895) era filho de um rico industrial do ramo têxtil, da Renânia. Escreveu "A situação, das classes trabalhadoras na Inglaterra", "Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico", "A origem da família, da propriedade privada e do Esta do", entre outras obras. Colaborou intensamente com Marx e foi responsável pela organização e publicação do segundo e do terceiro volumes de "0 Capital", após a morte de Marx, com base em manuscritos e notas deixados por ele.
As idéias de Karl Marx e de Friedrich Engels sofreram influência das principais correntes de pensamento de sua época, como a economia liberal inglesa de Adam Smith e David Ricardo; o socialismo utópico dos franceses Fourier e Saint Simon; a dialética (l) e o materialismo (2) dos alemães Hegel e Ludwig Feurbach.
Marx utilizou o método dialético para explicar as mudanças importantes ocorridas na história da humanidade através dos tempos. Ao estudar determinado fato histórico, ele procurava seus elementos contraditórios, buscando encontrar aquele elemento responsável pela sua transformação num novo fato, dando continuidade ao processo histórico. Marx desenvolveu uma concepção materialista da História, afirmando que o modo pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator determinante da organização política e das representações intelectuais de uma época.
Assim, a base material ou econômica constitui a "infraestrutura" da sociedade, que exerce influência direta na "super-estrutura", ou seja, nas instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral) da época. Segundo Marx, a base material é formada por forças produtivas (que são as ferramentas, as máquinas, as técnicas, tudo aquilo que permite a produção) e por relações de produção (relações entre os que são proprietários dos meios de produção as terras, as matérias primas, as máquinas - e aqueles que possuem apenas a força de trabalho).
Ao se desenvolverem as forças produtivas trazem conflito entre os proprietários e os não-proprietários dos meios de produção. 0 conflito se resolve em fav or das forças produtivas e surgem relações de produção novas, que já haviam começado a se delinear no interior da sociedade antiga. Com isso, a super-estrutura também se modifica e abre-se possibilidade de revolução social.
No Prefácio do livro "Contribuição à crítica da economia política", Marx identificou na História, de maneira geral, os seguintes estágios de desenvolvimento das forças produtivas, ou modos de produção: o asiático (comunismo primitivo), o escravista (da Grécia e de Roma), o feudal e o burguês, o mais recente e o último baseado no antagonismo das classes porque dará lugar ao comunismo, sem classes, sem Estado e sem desigualdades sociais.
A evolução de um modo de produção para o outro ocorreu a partir do desenvolvimento das forças produtivas e da luta entre as classes sociais predominantes em cada período. Assim, o movimento da História possui uma base material, econômica e obedece a um movimento dialético. A passagem do modo de produção feudal, para o modo de produção capitalista burguês, e um exemplo claro:
"0 modo de produção feudal é o fato positivo, a afirmação mas já traz dentro de si o germe de sua própria negação: o desenvolvimento de suas forças produtivas propicia o surgimento da burguesia. À medida que estas forças produtivas se desenvolvem, elas vão negando as relações feudais de produção e introduzindo as relações capitalistas de produção. A luta entre a nobreza e a burguesia vai se acirrando; em um determinado ponto deste desenvolvimento ocorre a ruptura e aparece o terceiro elemento mais desenvolvido, que é mo do de produção capitalista. É, portanto, 5 luta entre as classes que faz mover a História.'' (SPINDEL, A. op. cit. p. 39.)
Marx e Engels começaram a formular a concepção matéria da História quando escreveram juntos "A Ideologia Alemã", em 1845/46; o materialismo histórico é, de acordo com Marx, o "fio condutor" de todos os estudos subseqüentes. Os conceitos básicos do Materialismo Histórico(3) constituem uma teoria científica da História, vista até então como uma simples narração de fatos históricos. Ele revolucionou a maneira de se interpretar a ação dos homens na História, abrindo ao conheci mento, uma nova ciência e aos homens uma nova visão filosófica do mundo: o Materialismo Dialético.
Notas:
(1) A- dialética hegelian afirma que cada conceito possui em si o seu contrário, cada afirmação, a sua negação. 0 mundo não é um conjunto de coisas prontas e acabadas, mas sim o resultado do movimento gerado pelo choque destes antagonismos e destas contradições. A afirmação traz em si o germe de sua própria negação (tese X antítese); depois de se desenvolver, esta negação entra em choque com a afirmação e este choque vai gerar um terceiro elemento mais evoluído, que Hegel chamou de "síntese" ou "negação da negação". (SPINDEL, Arnaldo. 0 que Socialismo.São Paulo, Brasiliense, 1983, p. 31.)
(2)Em seu sentido mais amplo, o materialismo afirma que tudo o que existe é apenas matéria, ou pelo menos, depende da matéria. Em sua forma mais geral, afirma que a realidade humana é essencial mente material. (Dicionário do Pensamento Marxista, ed. por Tom Bottomore, Rio de Janeiro, zahar, 1988, p. 254.) (3) Esses conceitos são: forças produtivas, relações de produção, modo de produção, meios de produção, infra-estrutura, super-estrutura, determinação em última instância pela economia, classe social, luta de classes, transição, revolução, etc.
Sites:
http://www.scribd.com/doc/7320750/As-Correntes-Filosoficas-Que-Orientam-as-Pesquisas-Em-Educacao
(Lucimar Simon)
NESTE BLOG TENHO INTENÇAO DE PUBLICAR INFORMAÇOES HISTORICAS, FATOS, DADOS HISTORIOGRAFICOS, TRABALHOS ACADEMICOS E OUTROS ASSUNTOS PERTINENTES COM UMA REALIDADE HISTORICA E O CONTEUDO APRECIADO EM SALA DE AULA NO CURSO DE GRADUAÇAO EM HISTORIA PELA UNIVERSISDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO (UFES) ESTA IMAGEM DE FUNDO É DA DEUSA CLIO A DEUSA PROTETORA DOS HISTORIADORES
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12 comentários:
Sou abertamente resistente às publicações extensas, desde que desprovidas de conteúdo, o que não é o caso que aqui encontro e que por isso parabenizo e enalteço importância que há em depararmos com publicações a nos transmitirem informação, cultura e, por que não(?), história.
Cadinho RoCo
Olá Cadinho, concordo com vc tbm nao sou adepto de longas postagens, mas na historia fica complicado fracionar alguns assuntos ne?
obrigado por sua visita e seu importante comentario, na oportunidade visite meu blog pessoal.
lucimarsimon.blogspot.com
obrigado pela visita volte sempre
Oi, sou estudante de História da Universidade Federal do Espírito Santo, e parabenizo esse artigo pela clareza com que foi abordado o assunto. Me ajudou muito mesmo, obrigado!
Oi, Colega!
Também estudo História e acabei "caindo" no teu blog... Pois bem, tenho alguns comentários a fazer sobre tua postagem...
Ranke dá início ao HISTORICISMO, enquanto o movimento ocorrido na França, com Seignobos, se chama ESCOLA METÓDICA. Em tua produção acaba mesclando as duas correntes, que de fato, tem características diferentes...
Colega, "louca ne", entao é correto o que vc diz, mas dentro das interpretaçoes da historia e seus fatos em geral abre-se um leque de estudos e sabemos bem a amplitude da discussao de Ranke,
grato pelo comentario volte sempre e se possivel for exponha e discuta mesmo os assunto. ate mais
Olá.. Sou estudante de história, estava pesquisando sobre a escola metódica e ainda não havia encontrado nada muito esclarecedor. Mas aqui encontrei uma linguagem simplificada e muito acessível. Muito obrigado..
Te parabenizo pela a publicaçao, abrage bem o tema e sempre tenho dificuldades de estudar Historia, mas essa publicaçao estava bem detalhada ! muito obrigada !
parabens pela postagem...me ajudou muito. continue assim.
parabens pela postagem...me ajudou muito. continue assim.
ola, sou estudante de história (também) e a exemplo de alguns colegas anteriores gostei muito do texto que é bem simples e claro. parabéns pelo blog!
Olá ! Também comecei História esse semestre e o artigo está ótimo, me ajudou muito a entender a escola metódica. Parabéns pelo blog ! abraços !
Boa Tarde,sou acadêmica de história no interior de SP, estou no terceiro semestre e achei sua postagem muito esclarecedora,inclusive por abordar uma linguagem simples qual facilita a leitura não somente pra quem frequenta um âmbito acadêmico!
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