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sábado, 1 de dezembro de 2012

Texto: O MERCADOR DE VENEZA

O MERCADOR DE VENEZA

O Aspecto Racial

No Mercador de Veneza, as personagens de António e Shylock representam, respectivamente, o julgamento do coração e o julgamento da mente. Trata-se de personagens simbólicos, que transportam traços característicos dos grupos a que pertencem. O seu conflito não é, pois, meramente pessoal, mas também racial e religioso. Problemas constantes e enraizados conferem a esta fábula um significado que não se esgota nela própria.

Resumo

Bassânio, um nobre veneziano cristão que perdeu toda sua herança planeja casar-se com Pórcia, uma bela e rica herdeira. Seu amigo Antonio cristão concorda em lhe emprestar o capital necessário para que ele viaje até Belmonte, no continente, onde vive Pórcia. Como Antonio é um mercador, toda a sua fortuna está investida numa frota de navios mercantes que navegam em águas estrangeiras. Ele então faz um empréstimo junto a Shylock, um judeu que concorda em emprestar o dinheiro, desde que Antonio empenhe uma libra de sua própria carne como garantia. Quando Bassânio chega a Belmonte, descobre que para ganhar a mão de Pórcia terá que se submeter a um teste envolvendo três arcas, deixado pelo pai da moça antes de morrer e ainda recebe a noticia que os barcos de Antonio naufragaram e ele perdeu toda sua fortuna, estando sua vida, agora, nas mãos de Shylock.

Sobre O Mercador de Veneza

O Mercador de Veneza confronta o que há de melhor e que há de pior na alma humana: tolerância, intolerância, usura, benemerência, amizade, vingança, interesse, paixão, romance e sublime poesia. Enquadrada entre as comédias do bardo inglês, é uma peça peculiar, pois se desenrola de tal forma, que a dramaticidade impõe-se sobre o gracejo, e desvela seu sentido tragicômico. O enredo transita por duas óticas: de um lado o penhor de uma libra de carne, e o fio condutor romântico, o da escolha do noivo por meio de cofres de diferentes materiais e significados.

A narrativa

No início, a narrativa conta que naquele período, na cidade italiana, os judeus ficavam confinados em guetos e eram proibidos de possuir propriedades. Partindo dessa premissa e da rivalidade entre cristãos e judeus, a história começa quando Bassanio (Joseph Fiennes) pede ao grande amigo Antonio (Jeremy Irons), o empréstimo de três mil ducados para que possa cortejar Portia (Lynn Collins), herdeira do rico Belmont. Antonio é um comerciante cristão rico, mas todo seu dinheiro está comprometido em navios no exterior. Assim, ele recorre a Shylock (Al Pacino), um agiota judeu que foi destratado por Antonio (chegando até a levar uma cusparada no rosto) e que enxerga agora uma grande oportunidade para se vingar. A vingança: se o empréstimo não for pago em três meses, Antonio dará um pedaço de sua própria carne a Shylock. É então que o cristão acaba perdendo todos os seus investimentos, ficando em uma situação complicada e o seu destino nas mãos da justiça.

A mudança da posição da Igreja em relação á usura

 Se, se pratica o comércio com vistas à utilidade pública, se se deseja que as coisas necessárias à existência não faltem ao país, o lucro é apenas remuneração do trabalho. Nada impede, portanto de praticá-lo para um fim necessário ou honesto. (Santo Tomás de Aquino, Suma teológica, 1272)

 

Idade Moderna e decadência

 

Com a queda de Constantinopla para os turcos, em 1453, e o início das navegações portuguesas e espanholas, o comércio da Europa com o Oriente através do mar Mediterrâneo entrou em decadência. As Cruzadas e o desenvolvimento resultante do comércio dos produtos asiáticos fizeram de Veneza o centro comercial com o Oriente mais importante. Nos séculos XIII e XIV, Veneza se viu envolvida em uma série de guerras com Gênova, outro importante pólo comercial da região. No final do século XV, a cidade-estado era a principal potência marítima do mundo cristão. As invasões turcas e outros ataques estrangeiros ocorridos em meados do século XV marcaram a decadência da supremacia veneziana. Em 1797, foi conquistada e dissolvida por Napoleão Bonaparte, que cedeu o território para a Áustria. Quase um século depois, em 1886, após a Guerra Austro-prussiana, Veneza passou a fazer parte do recém-criado reino da Itália.

Veneza

É uma comuna italiana da região do Vêneto, província de Veneza, com cerca de 266.181 habitantes, conhecida pelos seus canais e pela catedral de São Marcos. Estende-se por uma área de 412 km2, tendo uma densidade populacional de 646 hab/km2. Faz fronteira com Campagna Lupia, Cavallino-Treporti, Chioggia, Jesolo, Marcon, Martellago, Mira, Mogliano Veneto (TV), Musile di Piave, Quarto d'Altino, Scorzè, Spinea.

A cidade se tornou uma potência comercial a partir do século X, no qual sua frota já era uma das maiores da Europa.Como cidade comercial, tinha várias feitorias e controlava várias rotas comerciais no Levante. Eram suas feitorias cidades como Negroponto e Dirraquium, assim como ilhas inteiras: Creta, Rodes, Cefalônia e Zante, por exemplo. O historiador Fernand Braudel classificou-a como a primeira capital econômica do Capitalismo.

É uma cidade muito conhecida pelos seus passeios românticos, levando muitos casais a viverem suas luas de mel lá. Passeios de barco e visitas a todos os lugares são programas promovidos por esses casais apaixonados. Nesta Cidade Nasceram os Papas: Gregório XII, Eugênio IV, Paulo II, Alexandre VIII, Clemente XIII, Pio X.

(Lucimar Simon)