Páginas

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Texto: O SAGRADO E O PROFANO: UMA BREVE AVALIAÇÃO

O SAGRADO E O PROFANO: UMA BREVE AVALIAÇÃO

O entendimento sobre o que é sagrado e o que é profano está muito além deste pequeno texto. Buscamos aqui esboçar um pensamento, após uma leitura da obra citada ao fim desta avaliação, espero compreensão do leitor a minha ausência e pôr não detalhar todas as palavras ou não expor suas devidas explicações coisa que faço intencionalmente para aguçar no leitor o senso de busca por estas definições, e tendo assim um entendimento e ampliação de seu próprio conceito a cerca de assunto aqui abordado.

Boa Leitura

O espaço não é homogêneo para o homem religioso, o espaço está dividido entre duas concepções, uma profana, amorfa e outra sagrada. A não homogeneidade do espaço resultará em uma experiência indispensável que logo correspondera á formação do Mundo. A ontologia e a manifestação do sagrado formam as bases para a fundação do Mundo ideal, buscado infinitivamente pelo homem.

Dentro da experiência profana, o espaço é homogêneo e neutro. Nada diferencia as diversas partes de sua massa. O homem que decidiu por uma vida nesse espaço não consegue abolir completamente o comportamento religioso. Este comportamento o fará refletir sempre que por motivos extras esteja desviando sua conduta ao caminho tido propriamente como correto. Tendo como vontade por em evidência a não-homogeneidade do espaço pode-se fazer apelo a qualquer religião. Escolhamos um exemplo ao alcance de todos: uma igreja. No interior desse recinto sagrado, o Mundo profano é transcendido. Destaca-se um território de meio cósmico que o envolve e o torna qualitativamente diferente.

Os homens ás vezes buscam em um pequeno sinal justificar uma manifestação sacra. Isto basta para indicar a visão de sagrada do lugar. Quando faltam estes sinais, o homem provoca-o, praticando pôr exemplo, uma espécie de “evocação” com a ajuda dos animais ou objetos inanimados. De toda forma, o ritual pelo qual o homem constrói um espaço sagrado é eficiente à medida que ele reproduz a obra dos deuses. A caracterização das sociedades tradicionais é dada pela existência de dois lados, um “Cosmos” e um “Caos”. O sagrado funda o Mundo, no sentido de que foca os instantes máximos destes lados e através deles estabelecem relações, e com isso consolida que, “a ordem cósmica, ou seja, a cosmização dos territórios desconhecidos é sempre uma consagração”.

Logo uma das mais profundas significações do espaço sagrado é o “Centro do Mundo”, onde os três níveis cósmicos tornaram-se comunicantes. A montanha figura entre as imagens que exprimem a ligação entre o Céu e a Terra. O Mundo verdadeiro se encontra sempre no “meio”, no “Centro”, pois é aí que há ruptura de nível, comunicação entre as três zonas cósmicas. O homem religioso desejava viver o mais perto possível do Centro do Mundo.

Ao enfatizar que nosso Mundo é um cosmos, qualquer ataque exterior ameaça transformá-lo em caos, ou seja, toda destruição de uma cidade equivale a uma regressão ao caos. É bem provável que a defesa dos lugares habitados e das cidades tenha sido, no começo, defesas mágicas com apelos aos aspectos totalmente religiosos, então havendo a formulação de algo místico em torna das construções e habitações tidas com sagradas.

Toda a habitação é santificada, é sagrada, pois constitui uma imagem do Mundo e o Mundo é uma criação divina, coisa feita por uma força maior. Então, ela findada em um aspecto sagrado pelo próprio fato de refletir o Mundo. É por isso que se instala em qualquer parte significa criar o seu próprio Mundo e assumir a responsabilidade de mantê-lo. A habitação e o Universo que o homem construiu para si imitam a criação exemplar dos deuses.

Desde as grandes civilizações o Templo é também a reprodução terrestre de um modelo transcendente. É graças ao Templo que o mundo é restaurado na sua totalidade santa. Outra idéia é a de que a santidade do templo está ao abrigo de toda a corrupção. Terrestre, logo quem a ele se recorre estará protegido livres dos males.

Aqui temos a clareza que o Tempo também não é nem homogêneo e nem contínuo. Há os intervalos de tempo sagrado e os de tempo profano. É por meio dos ritos que o homem pode passar sem perigo da duração temporal ordinária para o tempo sagrado. O Tempo sagrado é por sua própria natureza reversível e, por isso, ele é indefinidamente recuperável e repetível deixando uma oportunidade de recuperação em caso de violação das divisas de tempo, onde as restaurações são aplicadas em cada tempo.

O homem religioso vive em duas espécies de tempo, das quais a mais importante é o Tempo sagrado. Mas este conhece intervalos que são sagrados, que não participam da duração temporal, que os precede e os sucede. Para o homem não religioso essa qualidade trans-humana do tempo litúrgico é inacessível. O cristianismo inovou a experiência e o conceito do tempo litúrgico ao afirmar a historicidade da pessoa de cristo.

É o mito que revela como uma realidade veio á existência. É o mito cosmogônico que relata o surgimento do cosmos. Ora a cosmogonia é a restaurada pelo Ano Novo, o que implica numa retomada do Tempo em seus primórdios, ou seja, na restauração do Tempo primordial, do tempo puro. E a abolição do Tempo profano realizava-se por meio de rituais que significavam uma espécie de “fim de mundo”. A vida não pode ser reparada, mas somente recriada pela repetição simbólica da cosmogonia.

Periodicamente o homem religioso torna-se contemporâneo dos deuses, na medida em que restaura o tempo primordial no qual se realizaram as obras divinas. Se o homem religioso sente necessidade de reproduzir indefinidamente os mesmos gestos exemplares, é porque deseja e se esforça por viver muito perto de seus deuses. Esse desejo de viver na presença divina e num mundo perfeito corresponde a nostalgia de uma situação paradisíaca.

O mito conta uma história sagrada. Uma vez revelado, torna-se verdade apolítica: funda a verdade absoluta. Tudo o que pertence á esfera do profano não participa do ser, visto que o profano não foi fundado ontologicamente pelo mito, não tem modelo exemplar. O homem só se torna verdadeiro homem conformando-se ao ensinamento dos mitos, imitando os deuses.

Um aspecto do mito que convém sublinhar é o fato de que ele revela a sacralidade absoluta porque relata a atividade criadora dos deuses. A função mais importante dos mitos é fixar os modelos exemplares de todos os ritos e de todas as atividades humanas significativas. A festa religiosa é a atualização de um acontecimento primordial, de uma “História Sagrada”, cujos atores são os deuses ou os Seres semidivinos. Ora a “História Sagrada” está contada nos mitos. É pela atualização dos mitos que o homem religioso esforça-se por se aproximar dos deuses e participar do ser. O verdadeiro pecado é o esquecimento.

Nas religiões arcaicas e paleorientais, o tempo era equiparado a ilusão cósmica, o eterno retorno à existência, significava o prolongamento indefinido dos sofrimentos. Já para o judaísmo o tempo tem um começo e terá um fim. A idéia de tempo cíclico é ultrapassada. O cristianismo vai ainda mais longe à valorização do tempo histórico, pos conduz a uma teologia e não a uma filosofia da história, pois as intervenções de Deus na história têm uma finalidade trans-histórica. Para o homem profano a natureza nunca é exclusivamente natural: está sempre carregada de um valor religioso. Para o homem religioso, o “sobrenatural” está indissoluvelmente ligado ao “natural”.

A história dos Seres supremos de estrutura celeste é de grande importância para a compreensão da história religiosa da humanidade como um todo. O fato que nos parece capital é que os Seres supremos desestruturam o celeste, têm tendência a desaparecer do culto. O fenômeno do “afastamento” do Deus supremo revela-se desde os níveis arcaicos de cultura. O “afastamento divino” traduz na realidade o interesse cada vez maior do homem por suas próprias descobertas religiosas, culturais e econômicas.

Mesmo quando a vida religiosa já não é dominada pelos deuses celestes, as regiões siderais, o simbolismo uraniano, os mitos e os ritos de ascensão conservam um lugar preponderante na economia do sagrado. Isso porque o sagrado celeste permanece ativo por meio do simbolismo. Um exemplo disso pode ser o simbolismo aquático. As águas simbolizam a soma universal das virtualidades.

Os padres da igreja não deixaram de explorar certos valores pré-cristãos e universais do simbolismo aquático, com o risco de os enriquecerem de significados novos, relativamente à existência histórica do cristo. O “homem velho” morre por imersão na água e dá nascimento a um novo ser regenerado. A fé cristã está suspensa de uma revelação histórica: é a encarnação de Deus no tempo histórico que assegura aos olhos do cristão, a validade dos símbolos.

É a Terra Mater ou a Tellus Mater que dá nascimento a todos os seres. A crença de que os homens foram paridos pela Terra espalhou-se universalmente. Da mesma forma que a criança é colocada no chão logo após o parto, a fim de que sua verdadeira mãe a legitime e lhe assegure uma proteção divina, também os moribundos são depostos na terra.

A mulher relaciona-se, pois, misticamente com a Terra: o dar à luz é uma variante, em escala humana, da fertilidade telúrica. Em algumas religiões acredita-se que a Terra-Mãe é capaz de conceber sozinha, sem o auxílio de um companheiro. Em outras religiões, a criação cósmica, ou pelo menos sua realização, é o resultado de uma hierogamia entre o Deus-Céu e a Terra-Mãe.

Os mitos e os ritos da Terra-Mãe exprimem sobre tudo as idéias de fecundidade e riqueza. Trata-se de idéias religiosas, pois os múltiplos aspectos da fertilidade universal revelam, em suma, o mistério da geração, da criação da vida. O mistério da inesgotável aparição a vida corresponde á renovação rítmica do Cosmos, cujo modo de ser, e sobre tudo sua capacidade infinita de se regenerar, é expresso simbolicamente pela vida da árvore. A imagem da árvore não apenas simboliza o Cosmos, mas também exprime a Vida, a juventude, a imortalidade, a sapiência. A árvore sagrada ou as plantas sagradas revelam uma estrutura que não é evidente nas diversas espécies de vegetais concretas.

Será interessante mostrar, com a ajuda de um exemplo preciso, as modificações e a deterioração dos valores religiosos da Natureza. E poderíamos procurar este exemplo na China por duas razões lá, assim como no Ocidente, a dessacralização da Natureza é obra de uma minoria, principalmente de letrados, Contudo, na China, esse processo de dessacralização nunca foi totalmente levado a cabo. É preciso enfatizar que jamais assistimos a uma total dessacralização do Mundo, pois, no Extremo Oriente, o que se chama de emoção estética conserva ainda uma dimensão religiosa. Falamos aqui de apenas alguns aspectos da sacralidade da Natureza. Não podemos falar dos símbolos e cultos solares ou lunares, nem do significado religioso das pedras e do papel religioso dos animais. Cada um desses grupos de hierofanias cósmicas revela uma estrutura particular da sacralidade da natureza; ou mais exatamente, uma modalidade do sagrado expressa por meio de um modo específico de existência no Cosmos.

Mas como compreender e tornar compreensivo os diversos fatores religiosos e os comportamentos dos homens a elas ligados, porem a religião pode ser para o homem moderno confundido com o cristianismo. Sabemos que o conceito de religião é muito mais profundo, amplo, chegando a impossibilitar toda a absorção do homem de seu conhecimento. Em vários locais do mundo as religiões estão fundamentadas e sacramentadas em alguns casos, e verdades sobre elas habitam o interior dos homens que a elas são doutrinados e nela traçam seu caminho. Conhecer as religiões, saber algo sobre sua fundação não é suficiente para deter todo argumento a critica de sua direção ou afirmação de atos ou pregações.

O que fica claro é a suplementação que o homem religioso tem, e sua concepção quanto aos fatos a que ele atribui com coisa sagrada fica á seu critério a sacralização das coisas e objetos que detêm em seu poder ou ciclo de influencia. O homem arcaico tem a total crença que a vida pode ser santificada, e os meios de obterem essa santificação são múltiplos, porém o resultado é quase o mesmo, á vida é vivida num plano duplo. Para tanto alguns em determinados campos ficam menos entendidos como retos em seus ritos, como exemplo tem: O “cristianismo urbano”, onde os valores ficam deturpados, distorcidos nas concepções da religião, isso é encardo como aberturas nos dogmas religiosos. Em relação ao religioso clássico o religioso moderno manifesta se diferente em alguns sentidos, estes logo ficam evidentes no tratamento de sua casa, seu corpo, sua igreja, e outros, a eles são atribuídos novos valores, ou retirados, ou negligenciados valores seculares para a religião.

Uma luta entre a “escuridão” e a “luz” ainda permeia a mentalidade dos religiosos e do homem em si, sempre em conflito com algo maior que ele próprio, e isso o faz manter se forte na lívida passagem por este mundo, e sua transcendência é a recompensa dos valores investidos em vida terrena. Como tudo na religião não seria diferente, logo ela também pode ser feita de escolhas e estas definem quem passa para o segundo plano, e seu caminho para isso torna se definido pela “porta estreita” e esta é escolhida só pelos retos e sua provação é longa. As religiões estão carregadas de ritos de passagens, geralmente ocorrem sempre na transição de idades dos homens desde que saem do útero materno onde é apresentado á sociedade, mas tarde tem a juventude, e após a idade adulta a qual corresponde a sua máxima plenitude, sua idade maior no âmbito religioso.

Sobre a iniciação geralmente comporta uma tripla revelação: o sagrado, a morte, e sexualidade, a criança ignora todas essas experiências o iniciado as conhecem, assumem, e integram em sua nova personalidade. As cerimônias constituem boa parte do ritual e isso se faz com diversos momentos e a separação da família está presente nos atos cerimoniais, afastamento do seu ciclo social que estão sempre ligados a misticismo e culto aos antepassados, a natureza e outros. Os ritos de admissão em grupos masculinos também possuem muitas coisas provas e produzem os mesmos quadros de iniciação, porem com maior ênfase nas sociedades masculinas, e como sabemos isso já é uma seleção a qual estão incluídos.

Com as mulheres a iniciação começa com a menstruação, ah também o afastamento do grupo familiar, sendo ela imediatamente isolada, separada da comunidade, ela é levada para um local especial, na selva ou um canto escuro da habitação. A diferença entre o isolamento das meninas e dos rapazes é que com eles são em grupos, coletivos, e com as meninas isso acontece isolado uma em cada cabana ou quarto de isolamento, porém as mulheres também estão rodeadas de misticismo e outras crenças. Conhecer as situações assumidas pelo homem religioso, compreender seu universo espiritual é, em suma, fazer avançar o conhecimento geral do homem. O homem religioso assume um modo de existência especifica do mundo, e apesar do grande número de formas históricas religiosas este modo é sempre reconhecível.

O homem profano querendo ou não esta ligado ao homem religioso e ele é sempre herdeiro do religioso, mantendo seus vestígios, ele não pode abolir totalmente o seu passado porque ele próprio é o passado, reinventado no presente atual. A maioria dos sem - religião não são totalmente livres da religião e de seus comportamentos religiosos ou das teologias e mitologias. O processo de dessacralização da existência humana atingiu muitas vezes formas híbridas de baixa magia e de religiosidade simiesca.

A atividade inconsciente do homem moderno não o cessa de lhe apresentar inúmeros símbolos e cada um tem uma mensagem a transmitir uma coisa a garantir, segurar, confirmar, o equilíbrio desta psique ou restabelecer em seu lugar. Em um âmbito tão pernicioso, tão evolutivo, ou menos sincronizado não sabemos individualmente qual é a regra que rege este universo, logo o sentimento de verdades religiosas não são concordantes em todas linhas e concepções, então deixamos para os próprios indivíduos decidirem seu futuro e suas intenções quanto a religiosidade e religião.

(Lucimar Simon)

Bibliografia

Elíade, Mircea. O sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Texto: O HOMEM É FRUTO DO MEIO

O HOMEM É FRUTO DO MEIO

O homem é produto do meio em que vive, isso faz com que ele seja parte integrante de um sistema o qual seleciona e deixam as margens os menos favorecidos. O desemprego agregado à má qualificação profissional desloca uma grande massa da população para o fundo de um abismo, o qual a cada dia aumenta deliberadamente a distância econômica entre ricos e pobre, alavanca os níveis de uma realidade que transparece a luz do sol ou da lua. Uma diferença social e econômica aliada a uma crise de identidade individual lança famílias inteiras a marginalidade social, fazendo aumentar a violência transfigurada, numa indiferença pelas condições de vida impostas as pessoas.

Com isso, as elites da sociedade protegem-se atrás de muros e grades, circuitos internos e vigilância particular em suas propriedades e residência, que variavelmente são invadidas pela desigualdade social que vai a busca de algo que falta a sua condição desesperada. A estrutura da família é abalada, surge como fato inevitável, onde pais e filhos não se entendem ocasionando perda da identidade familiar e isso faz escapar as bases para o desenvolvimento de um comportamento humano correto. A solução com certeza não é imediata e sim em longo prazo, porém exige atitude imediata, tanto dos governos, quanto da iniciativa privada, também não é dispensado a força de vontade da massa popular deste país.

A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS
.
Texto é uma palavra, frase, oração, gesto ou imagem que traduz algum sentido para o emissor e o receptor. Este provérbio tem muitas interpretações e a cada indivíduo que o lê em ocasiões diversas pode concluir nova concepção de seu conteúdo predefinido. A população possui as vozes roucas, que não produz um eco longo ou correspondente a sua necessidade real. Quando se comprara tais necessidades, é constatada uma quebra em determinado período analisado, pois muitas vezes o povo proclama uma voz a qual nem sempre atende suas perspectivas. A história é marcada pôr momentos que atualmente são considerados injustos, porém os mesmos eram constados como corretos naquela sociedade.

Quando vozes pediram diretas já, elas não sabiam os poderes que estavam adquirindo em suas mãos, quando o povo vai a urna eleitoral e libera um grito surdo fazendo uma escolha de suas representações no congresso ou governo federal. Para o povo é necessário ter voz, porém que essa tenha uma direção e intensidade correta, a qual refletirá nos dias seguintes, e o eco, poderá agradá-lo ou não, tudo dependerá de sua escolha, de sua voz..

(Lucimar Simon)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Texto: CONCEPÇÕES DE VERDADE

FILOSOFIA, RELIGIÃO E HISTÓRIA: CONCEPÇÕES DE VERDADE.

ARTIGO DE FILOSOFIA DA HISTÓRIA

Considerações: Este artigo foi realizado com base em leituras complementares e extras curriculares do curso de História da UFES, bem como aproveitamento das ótimas aulas e conteúdos ministrados pelo professor orientador. A bibliografia utilizada estará relacionada na última página do mesmo.

Por: Lucimar Simon e Jordânia Lopes

Filosofia, Religião e História: Concepções de verdade.

Verdade da Filosofia ou Filosofia da Verdade? Como a verdade é abordada e conceituada no aspecto filosófico, religioso e histórico?

As crenças religiosas, ao estabelecerem a verdade absoluta, direcionam a capacidade de agir e pensar dos indivíduos. Dessa forma, é demonstrado pelas atitudes adotadas em relação aos novos saberes, o dogmatismo. Este se caracteriza pela crença de que o mundo é tal como o percebemos, explicado de maneira absoluta pelas religiões.

A verdade deve ser entendida, portanto, como uma interpretação última e virtual acerca das coisas, dos fatos, em suma, do mundo. Assim, as liberdades de pensamentos e de conhecimentos possibilitam as pessoas à busca pela verdade, ou seja, a identificação de preconceitos, idéias e opiniões estabelecidas. Essa interpretação última deve poder ser atingida pelos atos singulares do conhecimento e manifestada nos enunciados. Além disso, ela deve necessariamente ser pressuposta uma vez admitida uma instituição de sentido válida publicamente. O que formaliza a crítica á religião ao fazer referência ao encantamento do poder teológico e político-institucional. A dificuldade é que como o parâmetro é a comunidade de sentidos e esta não existe como uma coisa inerte da realidade, ela não pode funcionar tampouco como a “coisa absoluta” do realismo ingênuo, não deixando estas supostas concentrações de verdades reinarem em absoluto. Assim, a busca da verdade na atitude filosófica decorre da deliberação de não se aceitar as crenças estabelecidas.

A verdade deve ser entendida como a interpretação última a que se chegaria numa argumentação a qual pode exercitar-se a coerção da comunidade dos sentidos. Esta não precisa, concretiza-se em uma comunidade real de argumentação. Mas precisa sempre funcionar como horizonte normativo e regulativo. Para cada individuo singular ao conhecer e significar algo em sua ação de geração de conhecimento, sabendo que poderia haver uma falibilidade da sua comprovação.

Em torno da Filosofia, da Religião e da História estreita-se uma gama de assuntos pertinentes que resultariam em delongados discursos, os quais postulariam maiores ou menores informações para um público apreciador de uma problemática filosófica - histórica com o próprio ser e o universo, levando o espírito ao conhecimento de algo surreal, além das projeções humanas.

A Religião, a Filosofia e a História possuem um entrelaçamento que direcionam uma boa parcela das variantes discutíveis em diversos centros universitários e acadêmicos do mundo. Este é permeado pela plenitude dos assuntos que envolvem os seres humanos e que sempre estiveram no centro dos principais debates formulados por historiadores, filósofos e religiosos. Assim transparecem as dúvidas, a sensibilidade e a espiritualidade que constantemente atordoam as funções ocupadas por “homens comuns”.

E sabemos que os religiosos como Santo Agostinho, São Tomas de Aquino e outros tiveram grandes influências nas questões históricas, religiosas e filosóficas, e que suas correntes de pensamento estão ainda hoje causando repercussão em nossa sociedade.

“Agostinho de Hipona, foi um importante bispo do século V d.C, produziu uma obra que influenciou tanto o cristianismo de seu tempo quanto o cristianismo de épocas posteriores. Entre suas obras existe uma de grande repercussão, “A Cidade de Deus” que é considerada sua maior obra, sendo uma resposta aqueles que afirmavam ser o cristianismo responsável pela queda de Roma em 410 d.C”. (Silva, 2005: 75). A partir da análise desta obra temos uma síntese de um fato histórico se analisado pelo historiador, uma critica religiosa e um pensamento filosófico sobre as causas e conseqüências dos acontecimentos que culminaram a queda de Roma em 410 d.C.

Onde estaria a verdade? O que é verdade?

Sabemos que dentro da hierarquia religiosa a posição de bispo representa um ápice da carreira eclesiástica, e sabemos que como um corpo de especialistas, eles estavam incumbidos á difusão da mensagem evangélica e da gestão dos bens da salvação. (Bourdieu,1974: 35) Encarregados da educação e dos ensinamentos evangélicos, porém sabemos que eles atuavam em todas as esferas da sociedade bem como política, economia, religião e social onde sua influencia se fazia presente na sua posição efetivamente “moralizadora da sociedade” onde demandava até responsabilidades judiciais, a qual determinando em suas posses e medidas que levava ao julgamento todos os “opositores” do regime religioso a que detinha propriedade de diversos segmentos da sociedade da época.

O poder dos bispos era comparado ao dos patronos laicos, (Bajo, 1981: 204) e nos campos políticos eram mediadores de conflitos e representavam não só os tribunais com seus poderes judiciais mais também sua classe eclesiástica, a comunidade e seus fieis em alguns casos.

Esta condição de união de poderes religiosos e políticos poderia ser algo que compactava em uma só pessoa um vasto poder de decisão e execução passam a ter o poder de julgar e executar a pena, realizando todo desdobramento de um poder político – social.

Assim aquela teoria da existência de um único Deus, logo fica mais clara com a união das decisões sociais, econômicas e política em uma só pessoa, (o bispo da igreja), o poder teológico estaria superior ao terreno na qual a representação eclesiástica se faz presente.

A concepção histórica –filosófica - religiosa agostiniana tem prevalecido durante muitos anos, e junto a outros historiadores, filósofos, e religiosos, mantém um fundamento a qual leva vários contemporâneos a remeter-se em pensamentos sobre qual realidade o homem do passado viveu e o momento a qual se insere a sociedade atual, buscando um entendimento sobre as principais questões do cotidiano, avaliando verdades, mentiras, saúde, doenças e outras finalidades as quais os direcionam a filosofia fazendo um processo de reflexão em si mesmo, verificando um procedimento de encontro com o seu interior mediado pela realidade que os cercam.

Para Agostinho “a verdade habita o interior do homem”, e quando ele se afasta de seu interior em busca de algo para comprovar isso, realiza um caminho dito como uma circular que o remete para dentro de si mesmo causando uma decepção com o mundo externo. Esta é medida pela intolerância e descrença em seu próprio ser, a busca pela verdade não é externa, ela é algo interno, dentro do próprio homem, e realiza - se através de uma reflexão imediata no momento de crise a qual o ser humano está intimamente relacionado.

O encontro do homem com seu interior logo trás conflitos, os quais tornam- se irreparáveis a sua concepção de verdade, deixando- o por momentos sem a reparação do próprio efeito negativo causado a si mesmo. Neste momento talvez fique inclinado a aceitar como mais intuitiva essas respostas, como um conjunto de verdades empíricas (experiências e não estudos) possíveis, porém não necessárias a tua realidade espiritual, que agora encontra- se abalada.

As verdades religiosas foram postas como verdades últimas, absolutas, porém sempre leva o homem religioso ou não-religioso a conflitos, encontros e desencontros com situações que poderiam fortalecer ou destruí-lo, levando sempre buscar continuamente a verdade que poderia está ou não centrada na concepção religiosa.

As verdades históricas não ficam totalmente afastadas das verdades religiosas, uma vez que a história da humanidade se entrelaça com a história das religiões e estas estiveram sempre ligadas em momentos seculares da história humana como um todo.

Os domínios da história um dia foram domínios da religião, através da escrita que é neste momento conhecida e dominada pelos clérigos, eles faziam as anotações e transcrição da maior parte dos documentos caracterizados como históricos, logo podemos afirmar que os religiosos eram nossos historiadores no passado próximo. Isso fica mais claro quando são relacionados ao cristianismo que é considerada por vários historiadores como parte fundamental da história da humanidade ficando impossível a separação da história e do cristianismo.

Os historiadores modernos obtiveram através de análise desses documentos indícios, vestígios, que desmerecem algumas idéias até então inquestionáveis, e resgataram algumas possíveis verdades, e logo também realizavam com avanços notáveis a formulação de novas verdades, negando diversas concepções que até então eram postas pela religião como indiscutíveis ou totalizadas como verdades únicas, “verdades ultimas”.

Mas os historiadores não se baseiam apenas nos documentos e monumentos, fósseis e outros artefatos, eles fazem suas interpretações ou preenchem lacunas deixadas pelos antecessores, logo se não “acham a verdade” nos livros e escritos passados fazem a complementação, fazendo surgir “sua verdade” e argumentam para convencer de que esta seja a “verdade última”.

O objeto que move este artigo é a intenção de recusar qualquer alternativa que venha desqualificar toda e qualquer possibilidade de verdade e objetividade da História, e apresentar elementos para uma possível reinstauração entre a perspectiva e verdade. Essa discussão transborda obviamente o campo da História. Mesmo porque se origina no horizonte da Filosofia. Mas pretende encontrar aqui um campo, um horizonte de provas realmente instigantes, sobre tudo pela importância do fenômeno da História como elemento definidor de culturas e acontecimentos das sociedades de todos os tempos.

É na História que o homem busca sua convicção, dotado de uma certeza imensurável. O único problema de convicções desta natureza é o fato de que a sua obviedade a exclui da necessidade de ser explicada, ou esclarecida, com isso deixa se a necessidade de explicações as quais não são exigidas pelo campo aplicado.

“Segundo uma interpretação comum, inspirada no aristotelismo medieval, verdade é uma adequação entra a coisa mesma e a nossa representação ou a nossa enunciação a seu respeito. Mentira e falsidade, portanto, são justamente as inadequações, a não conformidade entre essa e a nossa representação e discurso. É verdade que o homem continua em seu papel ativo de sujeito constituinte da realidade que, portanto, deixa de ser realidade natural para ser realidade humanizada”. (Aristóteles).

Admitida a pluralidade das formas de vida, não há, portanto como negar a seguinte proposição: não há verdade, mas verdades, cujas validades são relativas ao interior das fronteiras das respectivas formas de vida. Nietzsche na sua concepção assume que: “A perspectiva é o parâmetro para si mesma, e, que a vontade de ser reconhecido é a medida de todas as coisas”. (Nietzsche).

E nesta concepção vários historiadores, pensadores, e filósofos e religiosos destilam suas argumentações sobre o conceito e definição de “verdade”. Sem dúvidas no passado, no presente e no futuro sintetiza-se em uma própria consciência individual que não deixa de ser interpretada em algumas vertentes como coletivas, uma vez que alguns indivíduos possuem uma forte influência sobre uma coletividade.

A verdade revelada (diretamente ligada à linguagem) desempenhou um papel fundamental dentro das mais variadas culturas (grega, latina e hebraica) por estabelecer uma relação importante entre os homens e a divindade. Assim, a palavra sagrada e verdadeira de Deus direcionada aos homens tem a função de esconder as coisas, o que permite relacioná-la a um discurso. Dessa forma, o papel de duplicidade misteriosa atribuído à linguagem pode, dependendo da intencionalidade, contribuir para a manutenção do dogmatismo ou, ao contrário, despertar a vontade de se buscar a verdade que se pode alcançar (ao contrário da verdade revelada).

É este o ponto principal (confronto entre verdades reveladas e verdades alcançadas) que a Filosofia procura se ocupar. Demonstrar a incapacidade (busca do inatingível) de se chegar por meio do exercício da inteligência e da razão humanas e ao entendimento divino: questão digna de atenção desde o surgimento do Cristianismo.

Dentre as diferentes concepções de verdade na Filosofia é possível destacar alguns pontos fundamentais que abrangem o campo da busca do verdadeiro. Assim, como exemplo de uma atitude crítica (filosófica) é necessário compreender as causas da diferença entre o parecer e o ser das coisas ou dos erros bem como entender os princípios necessários e universais do conhecimento racional. Além do mais, é imprescindível compreender as causas e os princípios da formação dos próprios conhecimentos, que se contrasta com o conceito de verdade absoluto ao afirmar, por exemplo, que o “Deus de ontem é o mesmo de hoje e o de amanhã” tendo em vista sua eterna sabedoria.

É de extrema importância, também, separar preconceitos e hábitos do senso comum da atitude crítica do conhecimento. Sendo assim, ao examinarmos a informação (conceito “pronto”) durante muito tempo apregoado pela Igreja Católica de que as crianças nasciam com alguma deficiência proveniente dos pecados cometidos pelos seus pais, podemos identificar até que ponto chegou o menosprezo quanto ao conhecimento (do caso, noção de biologia). Daí, esse pensamento se espalhar entre as pessoas afirmadas, ora como senso comum, ora como preconceito.

Ainda, no que respeita ao conhecimento, é importante tornar claro os procedimentos empregados e os critérios de sua realização. Assim, é possível delimitar um procedimento filosófico diferente daquele empregado pela Igreja, no qual as explicações para as coisas estavam, necessariamente, no plano transcendente.

Quanto às condições essenciais para se investigar o sentido ou a significação da realidade que nos cerca e da qual estamos inseridos é fundamental haver liberdade de pensamento. Proposta totalmente refutada, quando se analisa como exemplo o romance O nome da rosa de Humberto Eco em que a liberdade de pensamento era restringida. Isso fica claro quando o monge beneditino Jorge dos Burgos concebe o riso como pecado (o homem deveria viver o sofrimento como conseqüência do pecado original de Adão). Para manutenção de sua idéia, Jorge levou ao extremo seu desejo de restrição do pensamento quando envenenou as páginas do livro de comédia de Aristóteles.

Ainda, ao se tratar das exigências fundamentais da verdade, é preciso pontuar o papel desempenhado pela comunicabilidade. É indispensável que os critérios, os princípios, os procedimentos, os percursos realizados e os resultados obtidos possam ser conhecidos e compreendidos racionalmente. Exemplo contrastante com essa proposição é o fato de a Igreja, durante a Inquisição, ter buscado a comprovação para suas verdades por meios de provas obscuras, e não alcançáveis pela razão. Em decorrência deste aspecto, a própria transmissibilidade do conhecimento fica comprometida na medida em que não podem ser ensinados e discutidos publicamente. Verifica-se então o porquê do grande interesse em tornar as coisas ocultas (inquestionáveis).

A questão colocada pela Filosofia sobre a “VERDADE” busca alcançar o critério da veracidade, destituindo para tanto o conhecimento das ideologias. O que significa colocar fim a toda e qualquer dissimulação que ofusque a realidade com objetivo específico de explorar e dominar os homens. De maneira análoga à liberdade de pensamento, a verdade deve permitir tanto a liberdade de todos quanto a emancipação de todos.

Logo, como prerrogativa da Filosofia, a verdade deve ser objetiva, ou seja, compreendida e aceita universalmente com isenção da idéia de “neutralidade” e “imparcialidade”. Seguindo este viés, o sujeito do conhecimento está necessariamente envolvido na atividade do conhecimento, e este ao ser adquirido pode resultar em transformações que afetem a realidade natural, social e cultural.

Tudo isso contrasta com a subjetividade percebida na Filosofia cristã em que transparece o papel do mediador entre Deus e os homens (bispo) ao tomar para si uma posição, aparentemente, neutra e imparcial pelo fato de divulgar a verdade revelada. Em consonância com isso, a verdade torna-se imutável, totalmente alheia ao papel que o sujeito do conhecimento deve desempenhar.

Como provar que a fé e a razão, mas também a revelação e o conhecimento intelectual não são incompatíveis e/ou contraditórios? Qual a solução encontrada pelo Cristianismo?

Ao se tomar o conceito da razão legitimada na Filosofia, apreende-se sua significação com o pensar e falar ordenadamente e de modo compreensível para as pessoas que recebem, das mais variadas maneiras, a informação. Sendo assim, na origem (latina e grega), a razão demonstra a capacidade intelectual para pensar e, ao mesmo tempo, exprimir-se correta e claramente com a finalidade de dizer as coisas tais como elas são. Por isso, a razão constituir uma maneira de organizar a realidade pela qual esta se torna compreensiva. Ainda é possível afirmar que a razão é a segurança em se poderem organizar as coisas, pois são organizáveis, ordenáveis e compreensíveis em si mesmas e por si mesmas (daí a comprovação do caráter racional das coisas).

Tendo em vista a definição de verdade contida na Filosofia, verifica-se a impossibilidade de conciliar razão (palavra originada do latim ratio e do grego logos) com a idéia de verdade cristã. Diante disso, chegou-se a incompatibilidade entre a verdade proveniente de uma revelação (mediante a fé) e a razão. A crença religiosa caracteriza-se por não requerer um trabalho de conhecimento realizado pela própria inteligência. É a partir daí que se remete à questão proposta acima de como o Cristianismo conciliaria razão e fé.

Na busca da solução para essa lacuna, os filósofos cristãos passaram a distinguir luz natural (razão) da luz sobrenatural (revelação). Como ilustração dessa tentativa (“conciliação” entre razão e fé) é essencial citar São Tomás de Aquino. A partir de então há uma valorização do conhecimento natural a despeito da fé, tida como sobrenatural.

Para Tomás de Aquino, o conceito de verdade é perfeitamente enquadrado na concepção realista do mundo, bem como, é justificado pela experiência e razão. Assim, a verdade não se encontra nas coisas e nem no mero intelecto, mas sim na união destes dois. Esta união (adequação) é possível mediante as semelhanças entre o intelecto e as coisas, os quais apresentam um elemento inteligível. A verdade é manifestada à nossa mente pelo sinal da evidência (exterior). Quando se trata dos conhecimentos que não são evidentes (ou intuitivos), a verdade é alcançada à medida que estes mesmos conhecimentos são levados à evidência por meio da demonstração.

De acordo com Tomás de Aquino, o conhecimento verdadeiro parte do mundo sensível para as coisas compreensíveis. Em consonância com isso, pode-se afirmar que os conhecimentos sensíveis são evidentes, intuitivos, o que permite fazer a seguinte correspondência: todos os conhecimentos sensíveis são, por si, verdadeiros.

A discussão sobre a verdade absoluta é tratada também por Santo Agostinho de um modo que, a verdade não pode ser apreendida na experiência sensível (ao contrário do que afirma Tomás de Aquino), segundo Agostinho, o mundo dos corpos é mutável, o que possibilita a nossa alma a ceder algo próprio de si às percepções sensíveis, pois dessa maneira estas poderão vir à existência. A alma submete as percepções dos sentidos à sua própria atividade, o que descarta a idéia de uma passividade por parte dela. Ainda, Agostinho esclarece que a busca pela verdade é possível quando o homem a procura em seu próprio espírito (“a verdade habita o interior do homem”). Contudo, o espírito humano por não encontra em si mesmo a razão de ser está permanentemente na dependência de um ser supremo. É por meio da iluminação que a verdade é incutida no espírito humano por Deus. No entanto, a verdade alcançada desta forma pelo homem não é uma revelação sobrenatural, pelo contrário, é um fato natural.

Das muitas direções possíveis de serem tomadas por um filósofo, como se pôde observar dentro da Filosofia cristã, em que a decisão de tomar para si uma referência conduz o homem, inevitavelmente, ao “caminho da verdade”, é de extrema importância se fazer uma análise crítica (procedimento este, típico da atitude filosófica) de tais afirmações estabelecidas. Portanto, só dessa maneira se estará na busca da verdade, a qual resulta da argumentação e questionamentos (que se contrasta com a noção restritiva de verdade absoluta, mesmo diante dos diversos caminhos possíveis, mas que só levam a um ponto único) de não aceitar as certezas, as crenças e as verdades determinadas.

BIBLIOGRAFIA

CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2000.

HIRSCHBERGER, Johannes. História da Filosofia na Idade Média. Ed. Herder. Tradução: Alexandre Correia, 1959.

ELÍADE, Mircea. O sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

MARQUES, Antônio “Sujeito e Perspectivismo”. In: F. NIETZSCHE, Sujeito e Perspectivismo. Seleção de textos de Nietzsche sobre teoria do conhecimento, Lisboa: Dom Quixote 1989: 11-62.

SILVA, Érica Cristyane Morais. Religião e Pensamento Político no Mundo Antigo: Entre a Tradição Clássica e a Cristã / Gilvan Ventura da Silva, organizador. – Vitória, PPGHist, 2005.

(Lucimar Simon)

Leia mais: http://lucimarsimon.blogspot.com/2008/11/verdade.html#ixzz0eq73c3jA

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Texto: REVOLUÇÃO AMERICANA

REVOLUÇÃO AMERICANA

Estados Unidos Liberdade e Cidadania

(Antônio Leandro Karnal)

O autor começa sua abordagem já mencionando as glorias norte americanas nos confrontos bélicos e ideológicos e também vão ser aqui tratados os conceitos de cidadania e liberdade. Sua abordagem inicia-se pelo século XVIII e vai chegar ao XXI. E alguns cuidados são importantes nessa reflexão sobre a cidadania Americana, e o primeiro é que não existe um conceito de cidadania, mas o autor afirma que os clássicos discordariam dessa afirmação em diversos aspectos.

As treze colônias e as suas idéias de liberdade e autonomia foi o berço do que mais tarde na Nova Inglaterra como eram chamadas as colônias dessem inicio ao processo de independência e a sua grande transformação social, política e econômica. Alguns movimentos eclodiram e estes foram aumentando aos poucos seus numero de adeptos e suas características revolucionariam.

A declaração da independência e suas afirmações foram às bases para solenizar e confirmando o processo de independência que já se via bem adiantado. O qual estava fundado na justificativa de violação das liberdades condicionais a sobrevivência das colônias. Como todo conflito separatista e revolucionaria as questões religiosas, direitos divinos, econômicos, sociais, culturais políticos faria parte da permanente disputa e aqui um agravante a questão escravocrata entre Norte e Sul era latente.

A elaboração da constituição veio com um forte caráter revolucionário e caracterizador de direitos universais, mas também não inibia riscos imediatos de golpes e de tirania e diversas exceções, os colonos que lutaram contra a opressão agora eram vitimas de impostos exorbitantes cobrados na colônia e sem qualquer representação dos mesmos nas decisões e deliberações políticas. Logo a cidadania e a liberdade criada com a Independência e a Constituição estavam extremamente limitadas por leis e emendas.

As leis do novo país trás as marcas da desconfiança do Estado e reforça a crença no individuo. Logo todos os mecanismos dispostos nas leis vão contra a defesa do Estado e sua interferência estatal na vida do cidadão. As idéias desencadeadas na Europa pela Revolução Francesa foram utilizadas pelos conservadores para demonstrar que uma democracia de massa não era desejável. A Constituição Americana era muito ampla, e cabia aos estados da federação e ao corpo do legislativo as praticas concretas de votação dos complementos da Constituição Maior.

A idéia de sedução da liberdade dos Eua atrai muita gente e um dos mais famosos foi Alexis de Tocqueville, sua analise das angustias da sociedade americana trouxe a tona uma contestação, “como tratar a liberdade individual em meio ao coletivo” tanto na França, quanto nos Estados Unidos do fim do século XVIII, a questão central da cidadania era garantir a liberdade individual contra a falta de igualdade social caso da França e contra uma potencia externo como o caso dos Estados Unidos. As desigualdades seguiram tanto em como no outro caso.

Assim como afirma o autor o processo de confirmação da democracia foi se dando junto a um amadurecimento e expansão do território e populacional bem com uma expressiva elevação em seu status de potencia mundial que chegara um pouco anos depois. Assim a democracia que garante a cidadania nos Eua torna-se um sistema autoconfirmatorio, o problema nunca esta no sistema em si, mas na incapacidade de alguns de se adaptarem a ele, as falhas não são da estruturação Canônica da Constituição, mas sim do mau uso da liberdade por ela concedida. A proposta é redentora e universal e deve atingir o mundo.

(Lucimar Simon)