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domingo, 6 de maio de 2012

Texto: AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS E O DESENVOLVIMENTO AFETIVO E INTELECTUAL DA CRIANÇA


AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS E O DESENVOLVIMENTO AFETIVO E INTELECTUAL DA CRIANÇA

A escola é um espaço de multiplicidades, onde diferentes valores, experiências, concepções, culturas, crenças e relações sociais se misturam e fazem do cotidiano escolar uma rica e complexa estrutura de conhecimentos e de sujeitos. Essa rica heterogeneidade que permeia a escola acaba por se confrontar com uma estrutura pedagógica que está baseada num padrão de homem e de sociedade, que considera a diferença de forma negativa, gerando assim uma pedagogia excludente.

Assim, ser aplicadas as causas defendidas por Wallon em termo de afetividade, motricidade e inteligência no desenvolvimento da criança mostra-se complicadas numa versão atual da escola. A fragmentação da família por motivos diversos vem dificultando os primeiros contatos afetivos da criança com a mãe, pai, irmãos e familiares sendo ela destinada apenas para o ambiente escolar.

Com a intenção de traçar caminhos que permitem investigar a relação entre o afetivo e o cognitivo no contexto da sala de aula, tendo como eixos a relação entre afetividade e cognição no processo de aprendizagem e a relação afetiva do sujeito com os outros sujeitos como um elemento instigante no processo ensinar-aprender os intelectuais fazem uma avaliação dos ciclos afetivos das crianças em seus diversos estágios e ambientes.

Falar de afetividade e aprendizagem é falar da essência da vida humana, que por sua natureza social, se constrói na relação do sujeito com os outros sujeitos, num contexto de inter-relações. Cada ser particular relaciona-se com outro num processo de desenvolvimento singular, delineado nas relações sociais. Organiza seu comportamento frente às situações com as quais se depara no seu dia-a-dia, cujo processo realiza-se com base na natureza biológica e cultural que caracteriza o comportamento humano, constituindo assim, a história do sujeito.

A afetividade é o território das emoções, das paixões e dos sentimentos; a aprendizagem, território do conhecimento, da descoberta e da atividade; organizam-se em fenômenos complexos e multideterminados, definidos por processos individuais internos que se desenvolvem através do convívio humano. Ter a afetividade e a aprendizagem como tema implica enveredar por um caminho intrigante que envolve processos psicológicos difíceis de serem percebidos e desvendados. É ter a subjetividade como objeto de pesquisa. A sala de aula é um espaço de vivência, de convivência e de relações pedagógicas, espaço constituído pela diversidade e heterogeneidade de idéias, valores e crenças. Assim, é impregnado de significado, é espaço de formação humana.

Na teoria de Henri Wallon, a dimensão afetiva é destacada de forma significativa na construção da pessoa e do conhecimento. Afetividade e inteligência, apesar de terem funções definidas e diferenciadas, são inseparáveis na evolução psíquica. Entre o aspecto cognitivo e afetivo existe oposição e complementaridade. Dependendo da atividade há a preponderância do afetivo ou do cognitivo, não se trata da exclusão de um em relação ao outro, mas sim de alternâncias em que um se submerge para que o outro possa fluir. A escola é um campo fértil, onde essas relações a todo tempo se evidenciam, seja através dos conflitos e oposições, seja do diálogo e da interação.

Para Wallon, os conflitos são essenciais ao desenvolvimento da personalidade. “O conflito faz parte da natureza, da vida das espécies, porque somente ele é capaz de romper estruturas prefixadas, limites predefinidos. O conflito atinge os planos sociais, morais, intelectuais e orgânicos”. (Almeida, 2001, p. 85).

Wallon deu destaque ao conflito eu - outro, característico da fase do personalismo (aproximadamente dos 3 aos 6 anos) e da adolescência, segunda e última crise construtiva. O conflito emocional estimula o desenvolvimento, pois resolvê-los implica manter o equilíbrio entre razão e emoção, o que levará a um maior amadurecimento tanto da afetividade quanto da inteligência.

Texto apresentado a disciplina Psicologia da Educação 2008/2

(Lucimar Simon)

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