AS
RELAÇÕES INTERPESSOAIS E O DESENVOLVIMENTO AFETIVO E INTELECTUAL DA CRIANÇA
A
escola é um espaço de multiplicidades, onde diferentes valores, experiências,
concepções, culturas, crenças e relações sociais se misturam e fazem do
cotidiano escolar uma rica e complexa estrutura de conhecimentos e de sujeitos.
Essa rica heterogeneidade que permeia a escola acaba por se confrontar com uma
estrutura pedagógica que está baseada num padrão de homem e de sociedade, que
considera a diferença de forma negativa, gerando assim uma pedagogia
excludente.
Assim, ser aplicadas as causas
defendidas por Wallon em termo de afetividade, motricidade e inteligência no
desenvolvimento da criança mostra-se complicadas numa versão atual da escola. A
fragmentação da família por motivos diversos vem dificultando os primeiros
contatos afetivos da criança com a mãe, pai, irmãos e familiares sendo ela
destinada apenas para o ambiente escolar.
Com a
intenção de traçar caminhos que permitem investigar a relação entre o afetivo e
o cognitivo no contexto da sala de aula, tendo como eixos a relação entre
afetividade e cognição no processo de aprendizagem e a relação afetiva do
sujeito com os outros sujeitos como um elemento instigante no processo
ensinar-aprender os intelectuais fazem uma avaliação dos ciclos afetivos das
crianças em seus diversos estágios e ambientes.
Falar
de afetividade e aprendizagem é falar da essência da vida humana, que por sua
natureza social, se constrói na relação do sujeito com os outros sujeitos, num
contexto de inter-relações. Cada ser particular relaciona-se com outro num
processo de desenvolvimento singular, delineado nas relações sociais. Organiza
seu comportamento frente às situações com as quais se depara no seu dia-a-dia,
cujo processo realiza-se com base na natureza biológica e cultural que
caracteriza o comportamento humano, constituindo assim, a história do sujeito.
A
afetividade é o território das emoções, das paixões e dos sentimentos; a aprendizagem,
território do conhecimento, da descoberta e da atividade; organizam-se em
fenômenos complexos e multideterminados, definidos por processos individuais internos
que se desenvolvem através do convívio humano. Ter a
afetividade e a aprendizagem como tema implica enveredar por um caminho
intrigante que envolve processos psicológicos difíceis de serem percebidos e
desvendados. É ter a subjetividade como objeto de pesquisa. A sala de aula é um
espaço de vivência, de convivência e de relações pedagógicas, espaço
constituído pela diversidade e heterogeneidade de idéias, valores e crenças.
Assim, é impregnado de significado, é espaço de formação humana.
Na
teoria de Henri Wallon, a dimensão afetiva é destacada de forma significativa
na construção da pessoa e do conhecimento. Afetividade e inteligência, apesar
de terem funções definidas e diferenciadas, são inseparáveis na evolução
psíquica. Entre o aspecto cognitivo e afetivo existe oposição e
complementaridade. Dependendo
da atividade há a preponderância do afetivo ou do cognitivo, não se trata da
exclusão de um em relação ao outro, mas sim de alternâncias em que um se
submerge para que o outro possa fluir. A escola é um campo fértil, onde essas
relações a todo tempo se evidenciam, seja através dos conflitos e oposições,
seja do diálogo e da interação.
Para
Wallon, os conflitos são essenciais ao desenvolvimento da personalidade. “O
conflito faz parte da natureza, da vida das espécies, porque somente ele é
capaz de romper estruturas prefixadas, limites predefinidos. O conflito atinge
os planos sociais, morais, intelectuais e orgânicos”. (Almeida,
2001, p. 85).
Wallon
deu destaque ao conflito eu - outro, característico da fase do personalismo (aproximadamente
dos 3 aos 6 anos) e da adolescência, segunda e última crise construtiva. O
conflito emocional estimula o desenvolvimento, pois resolvê-los implica manter
o equilíbrio entre razão e emoção, o que levará a um maior amadurecimento tanto
da afetividade quanto da inteligência.
Texto apresentado
a disciplina Psicologia da Educação 2008/2
(Lucimar
Simon)
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