A DOAÇÃO DE PEPINO (756)
A carta de doação de Pepino e Carlos magno vieram em um contexto onde o poder da Igreja Católica já se firmava e fazia presente em toda Europa, vários autores ainda hoje fazem questionamentos sobre a veracidade destes documentos ou da origem da linha destas doações. Visto que a doação de Pepino, e em seguida a de Carlos Magno foram utilizadas como documentos retificadores da doação do grande imperador Constantino no inicio do século VIII.
A benção da Igreja retirou do golpe de Estado o seu caráter de ilegitimidade. Não estranhamos assim a gratidão, por parte de Pepino, que teve oportunidade de demonstrá-la concretamente, quando o rei Lombardo Astolfo, que sitiara Ravena, começou suas investidas também contra Roma. O Papa Estevão II pediu exílio a Pepino. Duas vezes ele se deslocou com seu exército para a Itália, a fim de combater Astolfo. Na segunda vez, em 756, obrigou a retirada e, para garantir melhor proteção ao Papa, ofereceu a Igreja, além de Ravena, um grande número de lugares que, anexadas a Roma e ao antigo território pontifício, formariam um verdadeiro país no centro da Itália.
Foi á famosa “Donatio Pippini” a doação de Pepino que deu origem ao Estado Pontifício. Os protestos do Imperador bizantino, a quem pertencia Ravena, não foram respondidos. Um documento falsificado serviu como prova de que Pepino não fazia outra coisa senão devolver ao Papa uma antiga doação feita por Constantino. O pontífice ofereceu ao Rei a dignidade de Patrício dos Romanos. Pouco faltava para ser substituído pelo título de Imperador, o que se realizou efetivamente, com a figura de Carlos Magno.
A confirmação da doação de Pepino por Carlos Magno (774)
O Sistema Católico Romano começou a tomar forma quando o Imperador Constantino, convertido ao Cristianismo presidiu o 1º Concílio das Igrejas no ano 313. No Século IV construíram a primeira basílica em Roma. As Igrejas eram livres, mas começaram a perder autonomia com Inocêncio I, ano 402 que, dizendo-se "Governante das Igrejas de Deus exigia que todas as controvérsias fossem levadas a ele. Leão I, ano 440, aumentou sua autoridade; alguns historiadores viram nele o primeiro papa. Naqueles tempos ninguém supunha que,"São Pedro foi papa", fora casado e não teve ambições temporais.
O poder dos pretensos papas cresceu ainda mais quando o Imperador Romano Valentiniano III, ano 445, bajulado, reconheceu oficialmente a pretensão do papa de exercer autoridade sobre as Igrejas. O papado surgiu das rumas do Império Romano desintegrado no ano 476, herdando dele o autoritarismo e o latim como língua, embora o primeiro papa, oficialmente falando, foi Gregório no ano 600 d.C.
A palavra "papa" denominava até o ano 500 todos os bispos ocidentais. Aos poucos, restringiram esse tratamento aos bispos de Roma, que valorizados, entenderam que a Capital do império desfeito deveria ser Sede da Igreja. Nicolau l, ano 858, foi o primeiro papa a usar Coroa. Usou um documento conciliar falso (espúrio) dos Séculos II e III que exaltava o poder do papa e impôs autoridade plena. Assim, o papado, que era recente, tomou-se coisa antiga. O Vaticano projetou-se quando recebeu de Pepino, o Breve, ano 756, vastos territórios; essa doação foi confirmada pôr Carlos Magno, ano 774, quando ocupava o trono papal Adriano I.
Carlos Magno elevou o papado a posição de poder mundial, surgindo o "Santo Império Romano" que durou 1.100 anos. Mais tarde, Carlos Magno arrependeu-se por doar terras aos papas. No seu leito de morte sofreu "horríveis pesadelos". Agonizando, lastimava-se assim: "Como me justificarei diante de Deus pelas guerras que irão devastar a Itália, pois os papas serão ambiciosos, eis porque se me apresentam imagens horríveis e monstruosas que me apavoram devo merecer de Deus um severo castigo".
(Lucimar Simon)
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