A CONSTRUÇÃO DE UM PODER
Apresentação
Este artigo foi elaborado com base na leitura de textos em sala de aula na Disciplina A Igreja Medieval do curso de História da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Tendo como Professora Kellen Jacobsen orientada pelo Professor Doutor Sérgio Alberto Feldman especialista em História Medieval.
Não será neste humilde artigo utilizado um critério de elucidação de todos os assuntos pertinente, logo convido você leitor a aprofundar suas leituras em uma relação bibliográfica que especificarei no final deste artigo, bem como buscar outras leituras se este assunto o interessar como meio de conhecimento da realidade de um período tido como “obscuro” na história da humanidade.
Conhecemos a Igreja católica como uma instituição de muito poder e riquezas, até os dias de hoje sua influencia se faz presente em todas as esferas da sociedade. Mas é importante lembrar que nem sempre foi assim, o processo de ascensão da Igreja e sua evolução foi longo e demorado, sem falar em termos matérias e humanos muitos custosos.
Nem sempre a Igreja obteve êxito em suas campanhas para assumir o controle da cristandade e em alguns momentos até interferir na esfera política indo contra reis e imperadores todo momento na sua história. Aqui serão comentadas algumas das medidas tomadas pelo papado para alcançar o controle da cristandade e a defesa de sua atuação e seu poder papal.
As questões envolvendo a Igreja e o Estado sempre foram muito acirradas, não faltando defensores de um lado ou de outro, levou se séculos para a formulação dos dias atuais, sendo conflitos ideológicos, políticos, religiosos nos campos ou fora deles os estranhamentos eram constantes.
As investidas dos clérigos eram constantes e os papas, ou seja, o bispo de Roma era quem tentava usufruir deste comando de forma total. Entre os mais atuantes temos os papas. Gelásio I século V, e Inocêncio III século XII e Gregório VII século XI, entre outros que vão fortemente conflitar até os dias atuais.
Não menosprezando a participação e influencia de outros papas e bispos no processo de construção do poder da Igreja, mas aqui daremos a ênfase em dois deles. Gelásio I[1] e Gregório VII são os principais autores religiosos com expressão neste conflito e suas idéias vão permear e conceituar a relação entre Igreja e Estado. Suas teorias em suas determinadas épocas deram base para o avanço deste processo de consolidação do poder papal. Vários autores baseiam se nestes dois religiosos pra explicar a formação e as teorias do poder papal e suas relações com leigos e cristandade.
Gelásio I com a publicação da “teoria das duas espadas” tem o objetivo de distinguir o “poder temporal” do “poder espiritual” fazendo assim uma relação das duas espadas, uma na mão do papa e a outra na mão do imperador. Ao papa caberiam as questões da religião e da cristandade e ao imperador caberiam as questões políticas e a proteção dos bens da sua amada Santa Igreja, porém esta espada em mãos do imperador era uma ferramenta de Deus administrada pelo papa, logo o papa direcionaria o uso desta espada de Deus.
As duas espadas ou os dois poderes são as questões que vão dominar todo o cenário da Idade Média a tentativa de submissão de um poder ao outro será constante, todo momento os conflitos são eminentes. A solução e o equilíbrio não permaneceram com a teoria das duas espadas. Com ela Gelásio I foi responsável por um período de relativa calma dos conflitos, mas estes não cessaram a ponto de haver uma paz totalmente entre papas e imperadores.
Essas teorias foram crescendo e amadurecendo e gradativamente foram alcançando campos e se afirmando, logo a tentativa de instaurar para a Igreja o controle da religião e o controle político foi crescendo, e em Gregório VII encontra sua plenitude. Gregório VII vai elaborar diversos pontos em seu “Ditactus Papae[2]” que afirmara a superioridade da Igreja sobre os poderes do imperador, e suas ações tão logo isso causara conflitos com vários reis locais e o mais acirrado é com o rei da Prússia Henrique IV. Este conflito desencadeara com a derrota de Gregório VII e seu exílio seguido de morte e o rei tão logo o derrota nomeia outro papa.
Vários outros reis e príncipes ignoram a teoria de Gregório VII. Na Inglaterra como exemplo temos Guilherme I, a questão das investiduras sempre foi uma relação de conflitos seculares entre reis, imperadores, leigos, papas e bispos. Para o papa somente ele poderia investir os bispos locais e estes tão somente investir os padres e cargas abaixo deles. Mas era comum que os nobres, poderosos donos de terras nomeassem em seu poder um bispo e este o fazia sem consentimento do papa ferindo assim vários direitos da Igreja.
Com a criação do “Direito Canônico” o objetivo era governar os membros da Igreja e entre essa o mundo secular. A partir deste momento a igreja passa a “controlar” seus clérigos e suas bases religiosas tornando assim a hierarquia sua principal característica.
Com base nas teorias de Gelásio I e Gregório VII foram afirmados e fundados estudos para refletir e criar essa forma de governo e controle das relações Estado / Igreja, segundo este raciocínio foi no século XI em diante a maior formulação de teorias sobre essa longa relação conflituosa.
Conclusão
A Igreja na Idade Media teve sua real importância, entre essas a criação de leis e códigos, regras e costumes que são em partes até hoje seguidos e respeitados, mas ainda são por alguns muitos questionados. Não devemos aqui entrar em méritos sobre sua atuação. A intenção aqui é pontuar a construção de um poder através do tempo e da história pautando alguns de seus principais autores e suas devidas ações.
Outras ações e vertentes da Igreja ainda são duramente criticadas, mas como bem afirmam os historiadores “não devemos analisar as sociedades anteriores com os olhos e os conhecimentos de hoje”. Isso resultaria em uma visão erronia e estereotipada da realidade estudada. Temos que entender que em sua época os valore eram outros, e suas concepções de verdades não pode ser transpostos pelas concepções atuais. Para tanto o historiador deve reconhecer estes momentos buscar sua essência e conflitar com a realidade de sua época.
Bibliografias
SILVA, Gilvan Ventura; MENDES, Norma Musgo. Repensando o império Romano. Relação Estado / Igreja no Império Romano Vitória Edufes. 2006.
NETO, Jônatas Batista. História da Baixa idade Média. São Paulo. Ática 1989.
STREFLING, Sergio Ricardo. Igreja e Poder. Plenitude do poder e soberania popular em Marsílio de Pádua. Porto Alegre: EDIPUCRS 2002.
[1] Gelásio I foi um dos primeiros papas que, como sintoma do poder autônomo que vinha adquirindo a Igreja de Roma, efetuou a distinção entre o poder temporal dos imperadores e o espiritual dos papas, considerando superior o poder destes últimos. Definiu a teoria dos dois poderes: o poder temporal e o poder espiritual. Os bispos, de acordo com essa teoria, seriam superiores ao poder temporal. Estabelecido ainda que a figura do papa não poderia ser julgada por ninguém. Dizia que o papel do Pontífice era antes ouvir do que julgar.
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