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domingo, 31 de outubro de 2010

Texto: ANÁLISE DAS OBRAS DE BORIS FAUSTO E FRANCISCO INGLESIAS

ANÁLISE DAS OBRAS DE BORIS FAUSTO E FRANCISCO INGLESIAS


Boris Fausto:

Nasceu em São Paulo, 8 de dezembro de 1930) é um historiador e cientista político judeu brasileiro. Bacharel em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco da Universidade de São Paulo em 1953 e mestre em 1967 pelo Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, escreve freqüentemente artigos para diversos periódicos nacionais, como a Folha de S. Paulo. Desde 1989 é professor do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e recentemente ingressou para a Academia Brasileira de Ciências. Sua principal obra é A Revolução de 30 - historiografia e história publicada pela primeira vez em 1970 e considerada ainda hoje um clássico das ciências sociais brasileiras que contesta as versões que defendem São Paulo durante a Revolução de 1930 e a Revolução Constitucionalista de 1932. Escreveu também Trabalho Urbano e Conflito Social e Crime e Cotidiano.

Boris Fausto e sua obra:

Boris Fausto faz uma análise da passagem do Império para a República como ele mesmo diz: “foi quase um passeio” mas os anos posteriores foram caracterizados por inúmeras incertezas. “Os vários grupos que disputavam o poder tinham interesses diversos e divergiam em suas concepções de como organizar a República”. Aqui também está presente á questão entre as principais províncias São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul que defendiam um federalismo, que asseguraria um grau considerado de autonomia aos estados regionais. Neste caso a divergência era dentro da forma política entre liberais (mineiros e paulistas) e positivistas (gaúchos) que faziam oposição entre si.

Os militares:

Os militares eram uma fração de poder bem representada na concepção republicana, e bem representados, eles vão tomar a dianteira neste processo como unidade reformadora da política brasileira, porém este grupo é forte, mas também fracionado em termo de unidade territorial, eram de diversos estados, mas sua patente os colocavam em um mesmo grupo com algumas divergências entre si, estas que mais tarde implicara em sucessões e fracasso das suas política devolvendo aos civis o controle político. “Apesar da profunda rivalidade existente entre os grupos do interior do exército, eles se aproximavam em um ponto fundamental. Não se expressavam interesses de uma classe social. Como era o caso dos defensores da República liberal. Eram sim, antes de mais nada, porta-vozes de uma instituição, o Exército que também era parte do aparelho do Estado”.

As questões políticas externas:

“O nítido deslocamento da diplomacia brasileira de Londres para Washington se deu com a entrada do Barão do Rio Branco para o Ministério das Relações Exteriores, onde permaneceu por longos anos, entre 1902 e 1912, atravessando varias sucessões presidenciais”. Os tempos de euforia Brasil Argentina tinha passado e os dois países entraram numa aberta competição na esfera comercial e de equipamento militar. O Brasil tratou de captar a simpatia de nações menores como Uruguai e Paraguai e de se aproximar do Chile para limitar a influência da Argentina, mas tarde foram tentados e firmados outros acordos entre paises latinos americanos.

A primeira Constituição Republicana:

Uma comissão de cinco pessoas foi encarregada de redigir um projeto de Constituição que submetida depois a uma profunda revisão por parte de Rui Barbosa. A seguir encaminhou-se o projeto á apreciação da Assembléia Constituinte, que apos muitas discussões e algumas emendas promulgou o texto a 24 de Fevereiro de 1891. Não devemos pensar que o governo federal, também chamado de União, ficou completamente sem poderes. A idéia de um ultrafederalismo, sustentada pelos positivistas gaúchos, foi combatida tanto pelos militares, como pelos paulistas. O esfacelamento do poder central era um risco que, por razões diversas, esses setores não queriam correr. A Constituição estabeleceu os três poderes: Executivo, Legislativo e judiciário, “harmônicos e independentes entre si”. O Executivo representado pelo Presidente da República, o Legislativo dividido em Câmaras de Deputados e Senadores (não mais vitalícios). A Constituição estabeleceu o sistema presidencialista de governo. Os ministros se tornaram pessoas de confiança do presidente que podia nomear e demiti-los livremente. Foram considerados eleitores todos os cidadãos brasileiros maiores de 21 anos, excluídas certas categorias como analfabetos, os mendigos, os praças militares. A Constituição não fez menções ás mulheres, mas considerou-se implicitamente que elas estavam impedidas de votar.

A questão religiosa:

Estado e igreja passaram a ser instituições separadas. Deixou de existir assim uma religião oficial no Brasil. Uma lei veio completar, em 1893 esses, preceitos constitucionais, criando o registro civil de nascimento e falecimento das pessoas. Isso também facilitou a integração dos imigrantes, os imigrantes alemães não eram em sua maioria católicos, e sim protestantes luteranos. Outra medida destinada aos imigrantes foi a chamada grande naturalização.

O encilhamento:

Ao assumir o Ministério da Fazenda do Governo Provisório, Rui Barbosa baixou diversos decretos como objetivo de aumentar a arrecadação de moeda e facilitar a criação de sociedades anônimas. A medida mais importante foi a que deu a alguns bancos a faculdade de emitir moeda. As iniciativas de Rui Barbosa concorreram para expandir o credito e gerar a idéia que o Brasil seria o reino dos negócios. Formaram-se muitas empresas, algumas reais e outras fantásticas. As especulações cresceram nas bolsas de valores e o custo de vida subiu fortemente. Em 1891 uma crise assola a América Latina a desvalorização da moeda brasileira em relação á moeda inglesa é inevitável.

Os marechais no poder:

Em plena crise do Encilhamento o congresso elegeu Deodoro da Fonseca para presidente e Floriano Peixoto para vice-presidente. Deodoro entrou em choque com o congresso, atraindo suspeitas na substituição do ministério que vinha do governo provisório por um outro comandado pelo tradicional político monarquista Barão de Lucena. A 03 de novembro de 1891, Deodoro fechou o Congresso, prometendo para o futuro novas eleições e uma revisão da Constituição. Nas palavras do marechal a revisão indo ao sentido de “fortalecimento do poder Executivo da União e de uma comedida autonomia dos Estados, sem os exageros que trariam fatalmente a dissolução do nacional”. Quando Deodoro renuncia assume com dificuldades Floriano Peixoto pensando construir um governo estável, centralizado, vagamente nacionalista, baseado no Exercito e na mocidade das escolas civis e militares. A elite política de São Paulo via na figura de Floriano a possibilidade mais segura de garantir a sobrevivência da República, a partir do poder central, Floriano por sua vez percebia que sem o apoio do PRP não teria base política para governar.

A Revolução Federalista:

Umas das regiões politicamente mais instáveis do país nos primeiros anos era o Rio Grande do Sul. Sem entrar em detalhes basta dizer que entre a proclamação da República e a eleição de Julio de Castilhos á presidência do Estado no mês de Novembro de 1893. Dezessete governos sucederam no comando do Estado. A Constituição previa a concentração de poderes no Executivo, ficando o Legislativo apenas responsável pela aprovação da legislação financeira. Não existiam limites para a reeleição do presidente do Estado como eram chamados os atuais governadores. Liberais e positivistas emplacaram uma das piores guerras civis do país denominada Revolução Federalista. Começou em Fevereiro de 1893 e só terminou, dois anos e meio a frente, já na presidência de Prudente de Morais. A luta foi implacável dela resultando milhares de mortos. Muitos deles não morreram em combates foram degolados após ter sido prisioneiros. No Ministério da Fazenda estava Rodrigo Alves, de uma família paulista do Vale do Paraíba, antigo conselheiro do Império convertido á República. A presidência da Câmara e do Senado, também encontravam se em poder do PRP. Floriano não teve condições de designar seu sucessor e Prudente de Morais foi eleito em 1894, Floriano não compareceu a sua posse, mostrando sua contrariedade. A oposição continua forte, logo Prudente de morais tem dificuldades de controlar as aspirações dos grandes estados republicanos.

A questão de Canudos:

Um acontecimento muito distante do Rio de Janeiro, mas com conseqüências na política da Republica. Ocorreu no norte do sertão da Bahia e marcou o governo de Prudente de Morais. O Arraial de Canudos e seu líder Antonio Vicente Mendes Maciel, mais conhecido como Antonio Conselheiro vão resistir á República por muito tempo. A pregação de conselheiro concorreria com a da Igreja e suas idéias iam contra a República. Os revoltosos de Canudos são massacrado, por suas objeções e questionamento ao poder estabelecido no país. Uma expedição sobre o comando do general Arthur Oscar, constituída de oito mil homens e dotada de equipamentos modernos arrasou o arraial em agosto de 1897 apos um meio e mês de combate, seus prisioneiros foram degolados. Segundo os positivistas e os republicanos, aquela luta teria sido uma luta da civilização contra a barbárie.

Campos Sales e sua política de governadores:

A consolidação da República veio com a eleição de Campos Sales, outro paulista (1898-1902). A elite política dos grandes Estados tinha São Paulo á frente tinha triunfado. Faltava, no entanto, criar instrumentos para que a República Oligárquica, ou seja, a república de uns poucos pudesse se assentar em um sistema estável. A partir dessas questões Campos Sales concedeu um arranjo conhecido como política dos governadores, onde os interesses dos Estados seriam conciliados com os do País, seguindo em contrapartida acordos políticos entre ambos. E o governo central sustentaria assim os grupos dominantes nos Estados.

As Oligarquias:

A República concretizou a autonomia dos estados dando plena expressão aos interesses de cada região. Isso se refletiu no plano da política através da formação de partidos republicanos restritos a cada Estado. As tentativas de organizar partidos nacionais foram transitórias ou fracassaram. Controlados por uma elite reduzida, os partidos republicanos decidiam os destinos da política nacional e fechando acordos para a indicação de candidatos a presidência da República. A primeira vista, parecia que o domínio das oligarquias poderia ser quebrado pela massa da população através do voto. Entretanto devemos lembrar que o voto não era obrigatório, e o povo em regra encarava a política como um jogo entre os grandes ou uma troca de favores. Seu desinteresse crescia quando nas eleições para presidentes os partidos estaduais se acertavam lançando candidaturas únicas, ou quando os candidatos não tinham força nenhuma possibilidade de êxito. O voto não era secreto, a maioria dos eleitores estava sujeito á pressão dos chefes políticos, a quem também tratava agradar. Como se isso não bastasse, havia a fraude eleitoral, através da falsificação das atas, dos votos dos mortos, dos estrangeiros etc.

Os Coronéis:

A denominação “República dos Coronéis” refere-se aos coronéis da antiga Guarda Nacional, que eram em sua maioria proprietários rurais com base local de poder. Do ponto de vista eleitoral o “coronel” controlava seus votantes na suas áreas de influencias. Trocavam votos em candidatos, por eles indicados em troca de favores tão variados. Como um par de sapatos, uma vaga no hospital, ou um emprego de professora. Seria errôneo, porém pensar que os coronéis dominavam a cena da Primeira República. Outros grupos expressavam diversos interesses urbanos, tiveram papel significativo na condução da política. Além disso, apesar de serem importantes para a sustentação da base do sistema oligárquico, os coronéis dependiam de outras instancias, para manter seu poder.

A Industrialização e a Imigração:

O crescimento industrial deve ser visto em uma perspectiva geográfica mais ampla, abrangendo varias regiões. As poucas fábricas que surgiram no Brasil no meado do século XIX, destinadas a produção de tecidos de algodão, que eram consumidos por pessoas pobres e pelos escravos. O crescimento do setor industrial paulista é anterior a abolição da escravidão. Os negócios de café lançaram as bases para o primeiro surto industrial por diversas razões. Os imigrantes surgem nas duas pontas como donos de industrias e como operários, e além, disso vários deles eram especializados. Eles tiveram papel importante nas empresas manufatureiras da capital paulista. Na indústria do Rio de Janeiro também era expressiva embora fosse menor que em São Paulo.

Os Movimentos Sociais:

Ao longo da República, estrutura social se diversificou com o avanço da pequena propriedade produtiva no campo, a expansão da classe media urbana e a ampliação da base da sociedade. A grande novidade foi o surgimento do “colonato” na área rural e sobre tudo da classe operaria nos centros urbanos. Esses movimentos ocorreram em todas esferas da sociedade e existiam muitos tantos religiosos, sociais, culturais e outros. Contestado, Canudos, Farroupilha, são os principais e de maiores expressões.

O tenentismo:

O movimento ficou assim conhecido por ter como suas principais figuras oficiais de nível intermediário do Exercito, tenentes e capitães, essas respostas não arrastaram a cúpula do poder militar. Apesar das queixas o alto comando sempre foi contra pegar em armas para a revolução. O movimento dos tenentes foi longo e teve uma enorme aceitação em todo país.

A Revolução de 1930:

Seria muito difícil prever que no inicio de 1929, que apos a presidência relativamente tranqüila de Washington Luis, surgiria uma forte cisão entre as elites dos grandes Estados. E mais ainda que essa cisão levaria ao fim da Primeira República. O programa da Aliança Liberal refletia as aspirações das classes dominantes e não associadas ao núcleo cafeeiro e tinha por objetivo sensibilizar a classe média. Incentivava, a produção nacional e não só o café. A crise de 1929 é a capitulação de todo o sistema, não conseguindo as elites governantes solucionar a situação deu-se um espaço onde pudesse frutificar uma tentativa de revolução por parte de outros grupos políticos. Uma onda de descontentamento se levantou após uma sucessão presidencial não compartilhada, entre São Paulo, Minas Gerais, e Rio Grande do Sul. Não houve uma ruptura entre o setor cafeeiro e o governo federal, e o rendimento da crise para a oposição foi escasso. Apesar disso os descontentamentos com a crise mundial deixaram marcas em São Paulo. Se os democráticos já estavam na oposição, crescia o numero daqueles que podia ate votar no governo, mas não se dispunham a jogar nele toda sua sorte. Julio Prestes venceu as eleições a 1º de março de 1930, os recursos políticos imperantes, condenados verbalmente pela Aliança, foram utilizados também por ela. As “Maquinas eleitorais”, produziram votos em todos os Estados, inclusive no Rio Grande do Sul onde Getulio teria vencido com a maioria dos votos. Mas a realização tomara outros rumos e a conformação da derrota nas urnas já era certa, mas um incidente com morte de um partidário de Getulio (João Pessoa) é utilizado como justificativa para uma revolução contra a ordem estabelecida. A organização foi rápida e logo estaria Getulio e seus partidários no controle da República, mas não ocorreu essa revolução sem movimentar todos os Estados.

A base social e política:

A Revolução de trinta não foi feita por representantes de uma nova classe social, a classe media ou a burguesia industrial. A classe media deu lastro a Aliança Liberal, mas era por demais heterogênea e dependente das forças agrárias, para que no plano político se formulasse uma ação em seu nome. Também não foram os industriais que fizeram a Revolução, embora possuíssem condições para tal. A revolução não foi algo simplista feita por uma classe, seus lideres e vitoriosos compunham um quadro heterogêneo de diversos setores da sociedade brasileira, tanto do ponto de vista social quanto do político. Um novo Estado nasceu a partir de 1930, diferente do estado oligárquico, não apenas pela centralização ou pelo maior grau de autonomia como também por outros elementos. Podendo juntar estes elementos numa síntese, podemos dizer que o Estado getulista promoveu o capitalismo nacional, usando dois suportes que são o aparelho estatal e as Forças Armadas, na sociedade uma aliança entre a burguesia industrial e a classe trabalhadora urbana, assim a burguesia industrial foi promovida, passando a ter vez e força no interior do governo.

Francisco Iglesias:

Um dos gigantes da historiografia brasileira, FRANCISCO IGLÉSIAS tem uma grande legião de admiradores entre a intelectualidade do país. Exercendo profunda influência em três gerações universitárias de Minas Gerais, seus livros e ensaios primam pela elegância, clareza e também pela tonalidade clássica de sua escrita, derivada de sua admiração por autores como Montaigne. Em virtude da convivência com os maiores expoentes da poesia, do romance e da crítica nacional, Iglésias dá grande valor à literatura, o que resulta no uso inteligente e conciso da língua. De fato, Iglésias chega a participar do I Congresso Brasileiro de Escritores, onde conhece e se torna amigo de Antonio Candido e Mário de Andrade, que fazem de tudo para que se estabeleça em São Paulo. Fiel a Minas e a sua família, porém, Iglésias permanece exercendo sua discreta carreira de professor universitário em Belo Horizonte. Especialista na história econômica e social dos séculos XIX e XX. Destaca-se pela variada gama de saberes que domina, notabilizando-se, sobretudo, por sua cultura interdisciplinar. Entre suas obras estão: Política Econômica do Governo Provincial Mineiro (1958); Introdução à Historiografia Econômica (1959); Periodização do Processo Industrial no Brasil (1963); História e Ideologia (1971); A Revolução Industrial (1981); A Industrialização Brasileira (1985); Constituintes e Constituições Brasileiras (1986); Idéias Políticas de Pandiá Calógeras (1987); História Geral e do Brasil (1989); Joaquim Nabuco, um Estadista do Império e outros Textos (1992); Trajetória Política do Brasil 1500-1964 (1993); História Contemporânea do Brasil (1994).

O ambiente Político:

Francisco Iglésias, faz uma análise do processo republicano e a derrubada da Monarquia no Brasil. O autor afirma que: “O Brasil tinha natural tradição republicana, como no continente não houve monarquia, era visto como exceção, com suspeita e até hostilidade”. A singularidade de uma monarquia surgida em 1822 teve um seguimento do que já era praticado desde a colonização pela família real portuguesa. A construção deste estado monárquico durou 67 anos. Neste período o ideário republicano sempre estaria contestando a hegemonia do poder estabelecido. Existem algumas lutas armadas com a Sabinada e Farroupilha. Os jornais republicanos faziam sua propaganda, e as disputas entre conservadores e liberais em moderadas pelo imperador o qual sempre conciliou os grupos alternando no poder seus gabinetes. Em 1870 é criado o partido republicano que lança um manifesto que diz: “somos da América e queremos ser americanos”. Por coincidência a proclamação veio no centenário da Revolução Francesa 1789. Tanto o partido conservador quanto o liberal eram compostos por militares notórios e intelectuais renomados os quais representavam muito bem seu partido. Os militares saiam de uma guerra horrenda e agora queriam novos rumos para seu país. As questões políticas estavam acirradas a monarquia já não possuía apoio interno de diversos setores por vários motivos, a questão escravista, as questões militares, as questões religiosas. Mas foi os militares que saíram na frente com insubordinações a revoltas abalaram a estrutura monárquica.

O único apoio que a monarquia tinha era da marinha e ainda das altas patentes, logo a contestação do poder era evidente e uma questão de tempo isso levara a tomada do poder pelos militares liderados por Deodoro e Floriano. A campanha federalista adquire corpo, vista como a solução para a pobreza nacional e para as dificuldades administrativas para uma nação imensa e dificuldades e peculiaridades regionais acentuadas. Os positivistas optavam pelo federalismo descentralizado seguindo seu maior chefe Augusto Comte apologista das regiões e seus direitos das chamadas pequenas pátrias realidade muito viva neste momento na França. Este ideário vai influenciar muitas revoltas pelo país e algumas delas na própria República.

Entre todas as articulações sobre a tomada do poder saem na frente os militares e em 15 de Novembro de 1889, encerrando a Monarquia e começando a República, deportando Dom Pedro II e toda sua família do Brasil. e Marechal Deodoro instala a República Federativa do Brasil. A participação popular foi pequena, menor que na independência e permaneceu indiferente por um longo tempo a nova situação política implantada no país. Agora o Brasil integra-se ao sistema de governo da América identificando-se com as demais nações, embora lhe faltasse o entusiasmo popular, podia ser visto como algo de novo, que demonstrasse esperança, pois a Monarquia era vista como obscurantista, sem cabimento no mundo e ainda mais num país novo. Sua conduta não se portava como renovadora, criadora de oportunidades e de melhorias em suas atuações governamentais ficando atrasada perante outras instituições monárquicas de outros continentes e as repúblicas estabelecidas.

O ambiente Econômico:

Como não poderia ser diferente o café era á base da econômica desde o Império e estava em produções crescentes como perceberemos e atravessará os séculos até os dias atuais. Essa cultura colocara o país em um lugar especial no cenário internacional sendo o Brasil o maior exportador deste produto que mais a frente também revelara sua ruína na crise de 1929. Avançando sobre terras férteis este produto vai culminar num acumulo de riqueza muito grande levando estes produtores a um status social e político elevando, e estes atuando num cenário de poder perpetuado com políticas que levara as políticas denominadas agrárias centradas nos grandes produtores de café. Mas além do café existiam outras atividades como a borracha, cana de açúcar, algodão, cacau esta política agrária vai entrar em choque com a industrialização que já era evidente mais incipiente até meados do século XX.

Quanto á indústria, o período apresenta certo interesse. É atividade de processo e desenvolvimento moroso. Freada por vários fatores, pois os donos de capitais preferiam a agricultura, pela certeza, sem risco dos produtos, há uma falta de mentalidade associativa e empresarial, o governo ate o momento não ajuda. No Império bem pouco é feito em prol da industrialização. Neste momento temos a figura de Irineu Evangelista de Sousa, depois barão e visconde de Mauá. Este toma diversas atitudes expandindo seus investimentos em diversos lugares e países buscando recursos e levando investimentos. A era Mauá é um momento de euforia, Mauá foi considerado um homem fora do seu tempo, muito avançado em suas idéias e aspirações e sua historia marcara o Brasil e dará inicio a um novo conceitual de economia moderna e industrializante.

A questão escravista e o Imigrante:

O escravo é essencial para a economia brasileira e o imigrante também, como forças de trabalho para o país, essas duas denominações representam uma enorme importância no tocante da política, da economia, e do social do Brasil. Um ano antes do fim da Monarquia deu-se a libertação dos remanescentes escravos. Em função disso aumenta a entrada de estrangeiros que constam diversas razões para a historiografia tradicional. Vista algumas vezes como mão de obra outrora como opção de “branqueamento da raça”

A República na visão de Francisco Iglésias:

A história da república vem sendo nos últimos anos a de mais cultivo. Até algum tempo nem era considerada sob a alegação de que não se faz história do presente. Agora isso já se inverteu e diversos intelectuais tentam fazer suas teses e outros estudos dentro do período republicano causando ate uma hipertrofia do tema em detrimento da Monarquia e da Colônia. O primeiro problema a ocupar é o da periodização: aqui posso citar dois blocos: 1889-1930 como Primeira República ou República Velha, 1930-1964 como República Nova. “Nesse momento o autor vai citando todos os presidentes, os períodos e feitos, fazendo subdivisões”.

A República Velha:

Como já foi anunciada a derrubada da Monarquia não foi um golpe surpresa, ela já andava debilitada e avariada nas suas estruturas, a tomada pelos militares foi uma conseqüência das fracas políticas praticadas pelo Imperador no fim de seu governo. E na própria noite do 15 de Novembro constituiu-se o governo provisório na pessoa do marechal Deodoro da Fonseca. Tendo se espelhados na república americana os militares queriam garantir a ordem contrariando o que ocorrera nas repúblicas vizinhas. Houvera pequenas reações, sem profundidade, que se prolongou entre alguns intelectuais ao longo da ultima década do século das quais resultaram ações e a edição de poucas obras de combate. As mudanças foram variadas, mas as rejeições foram poucas, a república já era algo latente nas décadas anteriores.

Constituição de 1891:

No começo da nova ordem, já a 3 de Dezembro de 1889 já é criado um grupo especial para elaborar um projeto de Constituição. Logo os estados se articulam e cada um assume com seus deputados e senadores seus espaços de influencias. Minas Gerais, São Paulo e Bahia dominavam a cena política e os liberais e conservadores, exaltados, positivistas, discutiam muito, embora as idéias não serem tão distantes do projeto inicial. A questão básica é o federalismo sim ou não entre o sim e o não levou a melhor o sim com algumas correções.
Outro tema central foi o presidencialismo ou parlamentarismo. Regime comum na República. Este discurso começou e não teve seu fim tão cedo, e no primeiro momento sua prova foi posto em cheque, quando Deodoro renunciou a posse de Floriano Peixoto foi complicada e teve reações em todos os estados da federação. O federalismo foi distorcido na prática, sobretudo depois de 1898, como se demonstra na análise da conhecida política do presidente, Campos Sales.

Os marechais:

Se Deodoro foi presidente do Governo Provisório, feito a constituição foi eleito presidente da República. Houve muita negativa de seu nome, ante a preferência por um civil, que só não se consumou pela ameaça de golpe militar. Mais tão logo como vice surge outro marechal, porem este não era da chapa de Deodoro, assim compôs o primeiro governo republicano eleito pelos parlamentares.

A Volta das Oligarquias 1894-1922:

O espaço de tempo dos militares no poder é curto, e a retomada pelas oligarquias acontece em 1894. O poder econômico, o capital dizia tudo, quem detinha controlava o político. As novidades foram poucas, o plano de desenvolvimento de Rui Barbosa não surtiu muito efeito e logo foi abandonado. A formação de empresas descambou para um lado mais especulativo, a complexidade do plano do ministro da Fazenda não o permite ir em frente e tão logo também o governo dos militares e suas políticas se desgastaram voltando ao poder os civis oligárquicos, fazendeiros donos de propriedade e produtores de café e gado.

Conclusão:

Os dois autores possuem uma visão panorâmica e bem detalhada do período republicano para tanto, em seu texto, Francisco Iglesias possui uma abordagem espacial e temporal um pouco mais ampla, indo bem antes no período imperial para levantar algumas questões que culminaram no processo republicano. Boris Fausto aborda mais detalhado todo o processo dividindo em partes menores os assuntos isso da uma amplitude maior para o conteúdo, mas ha uma repetição exagerada de fatos, mas não pouco importante já que dá uma seqüência lógica do processo de ruptura com a Monarquia e a instalação da República.

(Lucimar Simon)

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