O NASCIMENTO DE ROMA
Texto com base em Augusto Fraschetti que é professor de História Económica e Social do Mundo Antigo na Faculdade de Letras La Sapienza; é professor do história romana na universidade de Sapienza de Roma foi professor associado na Universidade de Paris I – Sorbonne e na V Secção da Ecole Pratique des Hautes Etudes e é membro da comissão científica da revista Studi Storici.
O mundo em que vivemos é tão veloz, se transforma em colapsos constantes e de ritmo tão alucinado, que nos envolve numa curiosa sensação de imobilidade. Contradição logo na primeira frase? Talvez não. Nossa impressão é a de que a lógica materialista — e até capitalista, para os mais superficiais — sempre esteve presente na dinâmica social humana e é uma fatalidade evolutiva. Sinceramente, isso me incomoda. Ignorar o passado como qualquer coisa arcaica e inferior, que não tem o mínimo significado para nós.
Os historiadores Giovanni Levi e Jean Claude Schmitt, em História dos Jovens (vol. I), apontam que “a sociedade plasma uma imagem dos jovens, atribui-lhes características e papéis, trata de impor-lhes regras e valores e constata com angústia os elementos de desagregação associados ao período de mudança, os elementos de conflitos e as resistências inseridas nos processos de integração e reprodução social”. Essa afirmação faz muito sentido ao observarmos as variantes, presentes na forma de entender o que é juventude e o que ela representa para a sociedade da qual faz parte, considerando os registros de diversos povos.
Partindo dos gregos, por exemplo, podemos compreender um dos motivos importantes de terem sido escolhidos como nossa raiz cultural: a juventude era idolatrada como imagem. “Antes de chegarem à glória dos heróis, os jovens manifestavam a graça da juventude”, comenta o arqueólogo Alain Schnapp. Mas havia também uma preocupação que ganhava cada vez mais força no mundo grego: a preparação do jovem para viver na sociedade. A constante presença do pedagogo disciplinando hábitos, atividades e escolhas, - sem dúvida, influenciou o posicionamento dos jovens gregos diante do conhecimento, o que se pode constatar na postura de vários deles, que se interessavam pelos grandes filósofos e até seguiam seus passos, intrigados por questionamentos e reflexões.
A posição dos jovens hoje.
O jovem parece uma continuação dos pais. Não faz escolhas. Não tem vocações. Há um esforço evidente em castrar essas iniciativas, esses impulsos e essas vontades na juventude. Depois disso, perceberemos que se agravam as diferenças nas oportunidades, no advento burguês, disparado pela Revolução Industrial. Há quem passe por uma universidade, há quem só conheça fábricas. Da Revolução Francesa à Russa, ou durante a era dos “populismos”, “nacionalismos” e toda espécie de ditadura e guerra do século XX, jovens em barricadas, jovens na platéia, fora Collor, jovens lutando contra, jovens fazendo nada. Mas e o hoje? Quais os espaços dos jovens? Ser jovem ainda se parece com o “ser preparado” para alguma coisa.
Para o mercado de trabalho, para a vida afetiva, para a cidadania, para a estabilidade, para construir um País forte, para mudar o mundo! — ainda que neste último, poucos creiam. O comum é considerar o jovem um quase-adulto que pode cometer excessos. Sem muitas responsabilidades, sem nenhum poder. Sofre as pressões do consumo, mas não recebe as oportunidades equivalentes de produção. Prepara-se para ser um agente desse mecanismo desigual, encarando o trabalho como um fardo; a possibilidade de mudança, utópica; os feriados, um alívio. Muitos jovens já crescem cansados. Numa fase da vida em que tudo é novo e em que cada descoberta coloca em xeque a anterior, a busca pelo sentido da vida se torna cada vez menos atraente, por ser resolvida com uma série de convenções mercadológicas pouco leais: carência se resolve no shopping; solidão acaba com beijo na boca; ser feliz é sair para dançar.
São desleais essas promessas, porque o indivíduo se mata de trabalhar e nunca tem dinheiro suficiente para comprar o tanto que precisa para suprir suas carências; beija todo mundo e ainda se sente sozinho e sem valor; droga-se para conseguir dançar sem parar, e a felicidade nunca é convincente. Quanto ao espaço social, uma maioria daqueles conseguem emprego recebem salários baixos, com carga horária alta. E só serve para isso: alimentar a máquina do consumo. Não pode fazer nada para mudar as estruturas que, de tão pregadas e cultuadas pela sociedade e seus instrumentos de expressão (escola, mídia, família, os próprios jovens...), aparentam ser inevitáveis e eternas.
Novo jeito de revolucionar
Nessa percepção, muita gente hoje se articula por meio do Protagonismo Juvenil (o jovem como ator principal). A idéia é permitir que ele desempenhe os principais papéis na execução de projetos para juventude e outros temas pouco atendidos no cenário mundial. Com relação ao termo, registro um sentido ainda mais amplo de participação da juventude. O ator, mesmo que protagonista, sempre interpreta um papel que alguém escreveu para ele. Não pode escrever seu próprio texto e fazer escolhas. Assim, seria mais preciso dizer que queremos ser autores sociais, capazes de escrever as coisas de um jeito novo, repleto da esperança de quem não conhece o impossível.
Para construir tanto, os jovens precisam de amparo social, intelectual e moral, precisam contar com a lealdade das gerações anteriores. As pessoas precisam ser preparadas para viver em sociedade e não para ocupar uma prateleira nos mercados, com um currículo bem escrito em mão. Mas é claro que o jovem também não pode se esquivar dessa busca. A construção de um entendimento de juventude diferente do que existe hoje é possível. Como vimos anteriormente, a cara do jovem, os costumes, as relações sociais que o envolvem, se alteraram inúmeras vezes. E podem ser sempre diferentes. A pergunta é: que tipo de reconhecimento e espaço os jovens estão querendo no mundo contemporâneo? Se isso for estabelecido por eles próprios, com certeza a resposta será muito mais precisa.
Para concluir esse panorama histórico, recorro novamente a observações de Giovanni Levi e Jean Claude Schimitt: “A investidura do jovem cavaleiro, a noviça que toma o véu, o alistamento do futuro soldado, os ritos goliardescos das universidades são momentos cruciais, efêmeros, carregados de fragilidade. São momentos de crise, individual e coletiva, mas também de compromisso entusiástico e sem reservas, e, no fundo, não vamos encontrar sempre os jovens na linha de frente de revoltas e revoluções?”. Sem dúvida que sim! O que constatamos é um espírito de busca, de “início”, que às vezes se apresenta como luta e transformação, mas outras vezes é resistência interior, ou até rebeldia, mas que faz com que o jovem seja diferente dos demais integrantes da sociedade. Não melhor, nem pior, e não apenas pelas características físicas, mas diferente. Mesmo nas mais diversas sociedades, que podem nos ensinar muitas formas de compreender a juventude.
A fundação de Roma
Augusto Fraschetti descreve as legendas que cercam as origens, fundação e história de Roma, o significado para os Romanos unindo às legendas de suas origens, e os usos a que eles as põem. Entre 1000 BC e 650 BC um conjunto de grupos pequenos, isolados de lutadores por natureza, nos montes romanos transformou-se em uma cidade extensiva e complexa, seus edifícios monumentais é evidência grande dos espaços do público do poder e da riqueza. Competindo da fundação, explicaram este deslocamento, que caracteriza Rômulo e Remo como fundadores de Roma. Ambos jogados um papel significativo no pensamento romano e na identidade, preocupando gerações dos historiadores de Roma e fornecendo um tema importante na poesia romana.
Nos últimos dois séculos a era da fundação de Roma foi o assunto de investigações extensivas por arqueólogos. Estes revelaram muito que era previamente um mistério e permitiram remendar junto de uma grande parte da historia de fundação da cidade de Roma. O professor Fraschetti considera esta evidência e o grau a que suporta ou as legendas as evidências dos documentários, e o trabalho dos arqueólogos modernos. Revelam o que parece agora a história o mais provável de origens e de ascensão de Roma.
Rômulo e Remo os gêmeos fundadores de Roma, Que lançados ao Rio Tibre. Sobreviveram em deriva Amamentados por uma loba sobrevivem Vingaram sua mãe. Rea Silvia, aprisionada pelo tio Amúlio Devolveram o trono de Alba ao avô Numitor. Depois de restaurada a ordem Numitor resolveu dotar de poder aos seus netos E mandou que fundassem uma cidade, a qual resolveu alguns problemas. Absorvendo o excedente populacional, um excedente marginalizado. De bandidos, hostis a ordem de governo, servos e rebeldes. Os habitantes de Alba não consideravam justo viver no meio de rebeldes e muito menos acolhê-los em seu território. O rei Numitor queria mantê-los longe e os mandou para perto de Rômulo e Remo. Crentes dos problemas que enfrentariam os gêmeos criaram um lugar sagrado onde serviria de refúgio para os perseguido o qual foi oferecido ao deus do Asilo. Neste lugar todos teriam proteção e imunidade, desde magistrados até escravos fugidos. Porem a própria vivencia dos jovens fundadores era hostilizada.
A primeira fase dos gêmeos se coloca no meio da natureza, no meio dos animais, amamentados por uma loba, portanto criados em um mundo de pastores, e sua própria descendência materna os reportavam ao meio selvagem Silvia ou Silvae o da selva. É o mundo do deus Fauno, onde eram caçadores andavam nus e caçavam na selva. Das caçadas, os jovens participavam e a disputa era acirrada por melhores resultados nos avanços na floresta fechada. Imitavam os jovens gregos, e espartanos célticos que tinham de inicio características semelhantes. Disputam em tudo e uma retomada de rebanhos torna-se uma disputa entre irmãos e Remo e seu grupo se saem melhor, (carne crua).
A segunda começou com a idéia de fundação de Roma, onde deixam o mundo livre e passam viver entre muralhas, e um enorme grupo de pessoas, convivendo associados a uma sociedade mesmo que de inicio conflituosa. Porem como tudo na vida deles tinha caráter religioso e a fundação de Roma também teve influências, estas as quais, resultou em disputa entre irmãos. Retiraram-se um para cada monte e numa disputa, para saber quem seria o fundador de Roma,
Rômulo se coloca no alto do monte Palatino e Remo no monte Aventino, para consultar os auspícios, a qual Rômulo vence, pois sobre sua montanha aparece doze enquanto na montanha de Remo só observa-se seis. Não é só uma questão de legitimidade e sim, coisa maior, onde os magistrados da cidade republicana e o poder dos reis latinos-sabinos e toda uma formação de uma cidade.
Com a vitória Rômulo pega seu arado e vai traçar o que será os limites de Roma, quando termina é abordado pelo irmão e neste momento Rômulo o mata tornando-se fundador de Roma. A morte de Remo pelo irmão é interpretada como premonição das guerras futuras que assolariam Roma nos futuros tempos, horrenda situação de cidadãos mortos por cidadãos. Nesta hora se afirma a segunda etapa da vida dos gêmeos e reforça uma coisa: Qual é melhor? A floresta ou cidade? Pois quando se limitou território, e este foi invadido, o defensor não teve outra reação a não ser, matar o próprio irmão para defender uma lei já existente: Não ultrapassar as linhas da cidade armado dando assim justificativas ao assassinato.
(Lucimar Simon)
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